The Bible

 

Ezequiel 45:7

Study

       

7 O príncipe, porém, terá a sua parte deste lado e do outro da área santa e da possessão da cidade, defronte da área santa e defronte da possessão da cidade, tanto ao lado ocidental, como ao lado oriental; e de comprimento corresponderá a uma das porções, desde o termo ocidental até o termo oriental.

From Swedenborg's Works

 

Apocalipse Revelado #611

Study this Passage

  
/ 962  
  

611. MEMORÁVEL

Acrescentarei aqui este Memorável.

Todos aqueles que são preparados para o céu, o que é feito no mundo dos espíritos, parte intermédia entre o céu e o inferno, desejam, depois de transcorrer certo tempo, alcançar o céu. Imediatamente, seus olhos se abrem e eles veem um caminho que conduz a alguma sociedade no céu. Eles entram nesse caminho e sobem; na subida há uma porta e aí um guarda; este abre a porta e eles entram.

Então, vem ao encontro deles um examinador que lhes diz, da parte do diretor, para irem mais adiante e indagarem se existem casas, em algum lugar, que eles possam reconhecer como suas, pois para cada anjo noviço há uma casa nova. Se a encontram, declaram que sim e lá passam a morar.

Se, porém, não as acham, voltam e dizem que não as viram. Então, um sábio examina se a luz que está neles concorda com a luz que está na sociedade e principalmente se há concordância de calor, pois a luz do céu em sua essência é a Divina Verdade e o calor do céu em sua essência é o Divino Bem, uma e outro procedendo do Senhor como sol do céu. Se estão neles luz e calor dessemelhantes da luz e do calor daquela sociedade, isto é, se há uma outra verdade e um outro bem, eles não são recebidos. Por esse motivo, retiram-se e vão por caminhos abertos no céu entre as sociedades, e isso até que achem uma sociedade absolutamente conforme às suas afeições e lá fazem a sua morada para a eternidade. Lá se acham no meio dos seus como no meio de aliados e amigos, que amam de todo o coração, pois estão em afeição semelhante. Lá estão na felicidade de sua vida e num completo deleite do coração, resultante da paz da alma, porque há no calor e na luz do céu uma delícia inefável que é compartilhada.

Assim ocorre com aqueles que se tornam anjos.

[2] Os que estão nos males e falsidades podem, por permissão, subir ao céu; mas, quando lá entram, começam a arquejar ou a respirar penosamente e, pouco depois, sua vista escurece, seu entendimento se perturba, e seu pensamento cessa, enquanto uma espécie de morte se apresenta a seus olhos e eles ficam imóveis como troncos de madeira. Então o coração começa a bater, o peito a apertar, a mente a ser presa pela angústia e cada vez mais torturada, de tal modo que se retorcem como cobras diante do fogo.

Por isso, afastam-se rolando e precipitam-se por um despenhadeiro, que então se torna visível para eles, e somente descansam quando se acham com os seus semelhantes no inferno, onde podem respirar e onde o seu coração pulsa livremente. Depois disso, eles têm ódio ao céu e rejeitam a verdade, e em seu coração blasfemam contra o Senhor, crendo que vinham d'Ele seus tormentos e suas dores no céu.

[3] Por esta curta narração, é possível saber a sorte daqueles que não dão importância alguma às verdades, embora as verdades façam a luz em que estão os anjos do céu, e (é possível saber a sorte)

daqueles que não fazem caso algum dos bens, embora os bens façam o calor em que estão os anjos do céu. Por esta narração, pode ver-se quanto erram aqueles que creem que cada um pode gozar da bem-aventurança celeste, contanto que seja admitido no céu. A fé hodierna é que se é admitido no céu por única misericórdia e que a recepção no céu é como a recepção, no mundo, de um homem que vai a uma festa de bodas (domum nuptiarum) e ali se entrega semelhantemente ao regozijo e à alegria. Mas é bom saber que, no mundo espiritual, há comunicação das afeições, porque o homem então

éum espírito e a vida do espírito é afeição, e dessa afeição e segundo essa afeição resulta o pensamento. (É bom saber que) a afeição homogénea une e a afeição heterogénea separa e que o que é heterogéneo causa tormento ao diabo no céu e ao anjo no inferno. É

por isso que eles foram separados judiciosamente, segundo as diversidades, variedades e diferenças das afeições que pertencem ao amor.

[4] Foi-me permitido ver mais de trezentos clárigos do mundo dos Reformados, todos eruditos, porque tinham sabido confirmar a fé só

como justificação, alguns tendo ido até além disso. Como também acreditavam que a admissão ao céu se faz pela graça, foi-lhes concedido subirem a uma sociedade do céu, que não era, contudo, uma das sociedades superiores. Enquanto subiam, eram vistos de longe como bezerros e, quando entraram no céu, foram recebidos polidamente pelos anjos. Todavia, durante a conversa, um tremor apoderou-se deles, depois um arrepio e finalmente uma tortura como a da morte.

Então arremessaram-se precipitadamente para baixo e, em sua queda, foram vistos como cavalos mortos. Apareceram como bezerros quando subiram, porque a afeição natural de ver e de saber, manifestando-se com alegria, aparece, segundo a correspondência, como um bezerro, e apareceram como cavalos mortos quando se precipitaram, porque o entendimento da verdade na Palavra aparece, segundo a correspondência, como um cavalo, e o entendimento nulo da verdade na Palavra aparece como um cavalo morto.

[5] Por (alguns) meninos que estavam abaixo deles, eles foram vistos descendo como cavalos mortos e, então, os meninos desviaram seus rostos e disseram ao mestre que estava com eles: “Que prodígio

éesse? Vimos homens e agora, em lugar de homens, são cavalos mortos; como não podíamos olhá-los, viramos nossas faces. Mestre, não fiquemos neste lugar, Vamo-nos embora.” E saíram. Então o mestre, em caminho, os instruiu (sobre a significação de) cavalo morto, dizendo; “O cavalo significa o entendimento da Palavra; todos os cavalos que vistes significaram esse entendimento. Com efeito, quando o homem medita segundo a Palavra, então sua meditação aparece de longe como um cavalo vigoroso e vivo, se ele medita espiritualmente sobre a Palavra, e aparece como um cavalo magro e morto, se ele medita materialmente.”

[6] Então os meninos perguntaram: “Que é meditar espiritualmente e materialmente segundo a Palavra?” O mestre respondeu: “Ilustrarei isso com exemplos. Quem é que, quando lê a Palavra, não pensa em Deus, no próximo, no céu? Aqueles que pensam em Deus somente segundo a Pessoa e não segundo a Essência pensam materialmente. Aqueles que pensam no pró ximo somente segundo a forma e não segundo a qualidade pensam materialmente. Aqueles que pensam no céu somente segundo o lugar e não segundo o amor e a sabedoria, pelos quais existe o céu, pensam também materialmente.”

Mas os meninos disseram: “Nós temos pensado em Deus segundo a Pessoa, no próximo segundo a forma, pois ele é homem, e no céu segundo o lugar. Temos nós, portanto, quando lemos a Palavra, aparecido a alguém como cavalos mortos?”

[7] O mestre disse: “Não; sois ainda meninos e não tendes podido pensar de outro modo. Mas percebi em vós a afeição de saber e de compreender e, como essa afeição é espiritual, tendes também pensado espiritualmente. Volto, porém, ao que precedentemente eu dizia, isto

é, que aquele que pensa materialmente, quando lê a Palavra ou medita sobre ela, aparece de longe como um cavalo morto, e que aquele que pensa espiritualmente (quando lê a Palavra ou medita sobre ela)

aparece como um cavalo vivo; e também que aquele que pensa sobre Deus e sobre a Trindade de Deus unicamente segundo a Pessoa e não segundo a Essência pensa materialmente. Pois os atributos da Divina Essência são muitos, como a onipotência, a onisciência, a onipresença, a misericórdia, a graça, a eternidade e outros; e h á atributos procedentes da Divina Essência, que são a criação e a conservação, a salvação e a redenção, a ilustração e a instrução.

Aquele que pensa em Deus segundo a Pessoa faz três deuses, dizendo que um Deus é Criador e Conservador, outro Salvador e Redentor e um terceiro Ilustrador e Instrutor. Mas aquele que pensa em Deus segundo a Essência faz um só Deus, dizendo que Deus nos criou e nos conserva, que Ele nos redime e nos salva e que Ele nos ilustra e nos instrui. Por conseguinte, aqueles que pensam na Trindade de Deus segundo a Pessoa, e assim materialmente, não podem, pelas ideias de seu pensamento, que é material, deixar de fazer de um só Deus três deuses; contudo, eles são levados, contra o seu pensamento, a dizer que em cada um há comunhão de todos os atributos, pela razão de que, como através de uma tela, eles também pensaram sobre Deus segundo a Essência. Portanto, meus discípulos, pensai em Deus segundo a Essência e, por eia, na Pessoa, e não segundo a Pessoa e, por ela, na Essência, porque pensar segundo a Pessoa sobre a Essência é pensar materialmente também sobre a Essência, enquanto pensar segundo a Essência sobre a Pessoa é pensar espiritualmente também sobre a Pessoa. Os antigos gentios, por terem pensado materialmente sobre Deus, e também sobre os atributos de Deus, fizeram não somente três deuses, mas uma multidão que atingiu a cem. Sabei que o material não influi no espiritual, mas que o espiritual influi no material. O mesmo ocorre com o pensamento sobre o próximo segundo a sua forma e e não segundo a sua qualidade, e igualmente ocorre com o pensamento sobre o céu segundo o lugar e não segundo o amor e a sabedoria, que são os elementos que o constituem. Dá-se o mesmo com todas e cada uma das coisas que estão na Palavra. Por isso, aquele que adota uma ideia material sobre Deus, sobre o próximo e sobre o céu nada pode compreender na Palavra. A Palavra é para ele letra morta, e ele, quando a lê ou medita sobre ela, aparece, de longe, como um cavalo morto.

[8] Aqueles que vistes descendo do céu e que apareceram diante de vossos olhos como cavalos mortos eram os que obstruíram neles e nos outros a visão racional pelo dogma peculiar, segundo o qual o entendimento deve estar sob a obediência da sua fé, sem pensarem que o entendimento fechado pela religião é cego como uma toupeira e nele somente há escuridão, uma escuridão tal que rejeita para longe de si toda a luz espiritual, oblitera o influxo que vem do Senhor e do céu e opõe a esse influxo uma barreira sensual-corporal, (localizada)

abaixo do racional nas coisas da fé, isto é, põe essa barreira junto do nariz e a fixa em sua cartilagem, de sorte que, depois, nem pode sentir o cheiro das coisas espirituais. Aqueles que ficaram nessa situação caem em delíquio quando sentem o cheiro proveniente das coisas espirituais. Por cheiro entende-se a percepção. São estes que Fazem de Deus três deuses. Dizem, na verdade, que Deus é um segundo a Essência, mas, quando estão orando em sua fé, segundo a qual Deus Pai tem compaixão por causa do Filho e envia o Espírito Santo, eles fazem manifestamente três deuses. Não podem pensar de outro modo, porque oram a Um para ter misericórdia por causa do Outro e para mandar um Terceiro.”

E então o mestre lhes ensinou, a respeitodo do Senhor, que Ele é o Deus Único, em Quem está a Divina Trindade.

  
/ 962  
  

Tradução de J. Lopes Figueiredo. EDITORA E LIVRARIA SWEDENBORG LTDA. Rua das Graças, 45 — Bairro de Fátima Rio de Janeiro — Brasil CEP 20240 1987

From Swedenborg's Works

 

Apocalipse Revelado #566

Study this Passage

  
/ 962  
  

566. MEMORÁVEL

Ao que precede, acrescentarei este MEMORÁVEL.

Levantou-se uma discussão entre os espíritos sobre “se alguém pode ver alguma verdade doutrinal-teológica na Palavra, a não ser pelo Senhor”. Todos concordaram nisto que ninguém pode (ver) senão pelo Senhor, porque “um homem não pode tomar coisa alguma se não lhe for dada do céu” (João 3:27). Por isso, eles estavam discutindo sobre se alguém pode (ver tais verdades) sem se dirigir imediatamente ao Senhor.

Disseram, de um lado, que se deve dirigir diretamente ao Senhor, porque Ele é a Palavra. De outro lado disseram que a verdade doutrinal também é vista quando o homem se dirige imediatamente a Deus Pai.

Por isso, a discussão se desviou para o ponto seguinte: É permitido a um cristão dirigir-se imediatamente a Deus Pai e, assim, saltar por cima do Senhor, e não é uma insolência e uma audácia inconvenientes e temerárias, uma vez que o Senhor diz que “ninguém vai ao Pai senão por Ele” (João 14:6)?

Entretanto, deixaram esse ponto e disseram que o homem pode ver a verdade doutrinal na Palavra por sua própria luz natural, mas isso foi rejeitado. Portanto, insistiram que essa verdade pode ser vista pelos que oram a Deus Pai. Por isso, foi lida diante deles alguma coisa da Palavra e então rogaram a Deus Pai que os iluminasse e disseram, em relação às palavras da Escritura que tinham sido lidas diante deles, que tal e tal coisa era uma verdade ali. Mas isso era falso. Isso foi repetido várias vezes até se entediarem. Afinal confessaram que não podiam (ver a verdade). Do outro lado, os que se dirigiram diretamente ao Senhor viam as verdades e as explicavam aos outros.

[2] Terminada assim essa discussão, subiram do abismo alguns espíritos, que apareceram primeiramente como gafanhotos e depois como homens. Eram os que, no mundo, tinham orado a Deus Pai e tinham confirmado neles a justificação pela fé só; diziam que viam em uma luz clara, segundo a Palavra, que o homem é justificado pela fé só

sem as obras da Lei. Perguntou-se-lhes “por que fé” e eles responderam “pela fé em Deus Pai”. Mas, depois que foram examinados, foi-lhes dito do céu que eles não sabiam uma só verdade doutrinal segundo a Palavra. Mas eles replicaram que viam as verdades na” luz.

Então, foi-lhes dito que eles as viam em uma luz fátua. Perguntaram o que é uma luz fátua e foram informados de que a luz fátua é a luz da confirmação da falsidade e que essa luz corresponde à luz em que estão as corujas e os morcegos, para os quais as trevas são luz e a luz são trevas. Isto foi confirmado pelo fato de que quando eles olhavam para o alto do céu, onde está a luz mesma, eles viam trevas, e quando olhavam para o abismo, abaixo, de onde eles eram, viam a luz.

[3] Indignados com essa prova confirmativa, eles disseram que, sendo assim, a luz e as trevas não são coisa alguma, mas apenas um estado dos olhos, segundo o qual se diz que a luz é luz e que as trevas são trevas. Foi-lhes mostrado, porém, que a luz fátua, que é a luz da confirmação da falsidade, estava neles, e que a sua luz era somente uma atividade de sua mente e tinha origem no fogo das concupiscências, sendo bastante semelhante à luz (da vista) dos gatos, cujos olhos, pelo desejo ardente de achar ratos nas adegas, parecem durante a noite como candeias. Ouvindo isto, disseram, com raiva, que não eram gatos, nem parecidos com gatos, porque podiam ver se quisessem. Mas como temessem que lhes fosse perguntado por que não queriam ver, retiraram-se e precipitaram-se em seu abismo e em sua luz. Os que estão lá e os que se lhes assemelham são chamados corujas e morcegos.

[4] Quando se juntaram aos seus (companheiros) no abismo e contaram que os anjos lhes tinham dito que eles não sabiam verdade alguma doutrinal, nem uma só, e que os chamaram de morcegos e corujas, houve um tumulto e eles disseram: “Roguemos ao Senhor que nos permita subir e demonstraremos claramente que temos um grande número de verdades doutrinais, que os próprios arcanjos reconhecerão.”

E porque rogassem ao Senhor, a permissão foi concedida, e subiram em número de trezentos. E quando foram vistos sobre a terra, disseram:

“Fomos célebres e afamados no mundo, porque conhecemos e ensinamos os arcanos da justificação pela fé só, e, pelas confirmações, não somente vimos a luz, mas também a vimos como luz brihante e ainda a vemos em nossas habitações. Entretanto, ouvimos de nossos companheiros, que estiveram entre vós, que essa luz não era luz, mas trevas, pela razão que não temos, segundo dizeis, verdade alguma doutrinal segundo a Palavra. Sabemos que toda a verdade da Palavra brilha e cremos que era daí que vinha o esplendor de que éramos cercados quando meditávamos profundamente sobre nossos arcanos.

Demonstraremos, portanto, que temos verdades segundo a Palavra em grande quantidade."

E disseram: “Não temos esta verdade, que há uma Trindade, Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo e que se deve crer na Trindade? Não temos esta verdade que Cristo é nosso Redentor e nosso Salvador? Não temos esta verdade que Cristo somente é a justiça e que o mérito é somente d'Ele, e que quem quer atribuir a si alguma coisa do mérito e da justiça do Cristo é injusto e ímpio? Não temos esta verdade que nenhum mortal pode fazer por si próprio bem algum espiritual, mas que todo o bem, que em si é bem, é de Deus? Não temos esta verdade que há um bem meritório e um bem hipócrita e que esses bens são males? Não temos esta verdade que o homem por suas próprias forças não pode, em coisa alguma, contribuir para a sua salvação? Não temos esta verdade que se deve, contudo, praticar as obras da caridade?

Não temos esta verdade que há uma fé, que se deve crer, e que cada um tem a vida conforme sua crença? Além de mui tas outras de acordo com a Palavra? Quem de vós pode negar uma dessas verdades?

Entretanto, dissestes que. em nossas escolas não tínhamos verdade alguma, nem mesmo uma. Não é essa a censura injusta que nos fizestes?”

[5] Mas então deram essa resposta: “Todas as proposições que enunciastes são em si mesmas verdades, mas vós as falsificastes aplicando-as à confirmação de um falso princípio: e, por isso, entre vós e em vós, são verdades falsificadas, que tiram do princípio falso o seu caráter de falsidade. Que isso é assim, veremos em uma demonstração. Não longe daqui, há um lugar sobre o qual a luz flui diretamente do céu. No meio há uma mesa e, quando nela se põe um papel em que esteja escrita uma verdade tirada da Palavra, esse papel, segundo a verdade nele escrita, brilha como uma estrela.

Escrevei, pois, vossas verdades no papel, ponde-o na mesa e vereis."

Eles escreveram num papel, deram este ao guardião, que o colocou sobre a mesa e então disse: “Afastai-vos e olhai para a mesa.” Eles se afastaram e olharam, e eis que o papel brilhava como uma estrela.

Então o guardião lhes disse: “Estais vendo que são verdades que escrevestes no papel; mas aproximai-vos um pouco mais e fixai a vossa vista no papel.” Eles o fizeram e, de repente, a luz desapareceu e o papel tornou-se preto como se estivesse sido coberto com fuligem de uma fornalha.

Depois o guardião disse-lhes: “Tocai o papel com as vossas mãos, mas cuidado para não tocardes o escrito.” E logo que o tocaram saiu dele uma chama e o consumiu. À vista disso eles fugiram, e foi-lhes dito:

“Se tivésseis tocado o escrito, teríeis ouvido um estrondo e queimado vossos dedos.” Então por trás deles lhes foi dito: “Agora estais vendo que as verdades de que abusastes, para confirmar os arcanos de vossa justificação, são verdades em si mesmas, mas em vós elas são verdades falsificadas."

Eles então olharam para cima e o céu apareceu-lhes como sangue e, depois, como uma escuridão. Eles próprios foram vistos pelos olhos dos espíritos angélicos, uns como morcegos, uns como corujas, alguns como toupeiras, outros como mochos. E fugiram para as suas trevas, que brilhavam fantasticamente diante de seus olhos.

[6] Os espíritos angélicos, que estavam presentes, ficaram muito admirados, porque até então nada tinham sabido daquele lugar e da mesa que lá se encontrava, e então veio uma voz da plaga meridional, que lhes disse: “Aproximai-vos daqui e vereis alguma coisa ainda mais maravilhosa.” Eles se aproximaram e entraram num quarto, cujas paredes brilhavam como ouro e viram lá uma mesa sobre a qual estava colocada a Palavra, cercada de pedras preciosas na forma celeste. E o anjo guardião lhes disse: “Quando a Palavra está aberta, dela sai uma luz de brilho inefável e aparece ao mesmo tempo, por cima e ao redor da Palavra, uma espécie de arco-íris produzido pelas pedras preciosas. Quando um anjo do terceiro céu vem aqui e olha para a Palavra aberta, sobre ela e ao redor dela aparece um arco-íris de diversas cores em um plano vermelho; quando vem um anjo do segundo céu e olha, aparece um arco-íris em um plano azul-celeste; quando vem um anjo do último céu e olha, aparece um arco-íris em um plano branco; e quando vem um bom espírito e olha, aparece uma luz variegada como mármore.” Que isto é assim, foi mostrado claramente

às suas vistas.

Depois o anjo guardião disse: “Se vem alguém que falsificou a Palavra, o esplendor desaparece a princípio; e se se aproximar e fixar os olhos na Palavra, forma-se como sangue ao redor, ele então

éavisado para retirar-se, porque é perigoso.”

[7] Mas alguém que, no mundo, escrevera como chefe de uma doutrina sobre a fé só, aproximou-se com audácia e disse: “Quando eu estava no mundo não falsifiquei a Palavra; exaltei até a caridade com a fé, e ensinei que o homem no estado de fé, em que ele exerce a caridade e as obras da caridade, é renovado, regenerado e santificado. Ensinei, também, que então a fé não é dada só, isto é, sem as boas obras, da mesma forma que não ha árvore sem fruto, sol sem luz e fogo sem calor. Também censurei os que diziam que as boas obras não eram necessárias. Além disso, recomendei a prática dos preceitos do Decálogo e a penitência. E assim apliquei, de modo admirável, todas as coisas da Palavra [na explicação) sobre o artigo referente à fé, que, entretanto, eu descobri e demonstrei ser a única salvífica.” Confiante na sua asserção de que não havia falsificado a Palavra, ele aproximou-se da mesa e, apesar do aviso do anjo, tocou na Palavra. Então saiu, imediatamente, fogo com fumaça da Palavra e ocorreu, com grande estrondo, uma explosão que o arrojou a um canto do quarto e lá ficou estendido durante algum tempo.

Os espíritos angélicos ficaram muito admirados, mas foi-lhes dito que esse chefe eclesiástico tinha exaltado, mais do que todos os outros, os bens da caridade como procedentes da fé e que ele não tinha entendido outras obras senão as políticas, que são também chamadas obras morais e civis, e que devem ser feitas para o mundo e para sua prosperidade; mas que, de modo algum, ele entendera as obras que devem ser feitas para Deus e para a salvação. Além disso, ele supusera obras invisíveis da parte do Espírito Santo, de que o homem nada sabe, as quais são produzidas no ato da fé e nesse estado de fé.

[8] Então os espíritos angélicos falaram entre si da falsificação da Palavra e concordaram que falsificar a Palavra é tomar verdades e empregá-las para confirmação de falsidades, o que é tirá-las para fora da Palavra e matá-las. Sirva de exemplo o fato de alguém tirar da Palavra a verdade de que o próximo deve ser amado e que o bem deve ser-lhe feito pelo amor por causa de Deus e da vida eterna. Se, então, confirmar que deve fazer isso ao próximo, mas não por causa da salvação, porque todo bem da parte do homem não é um bem, então tira a verdade da Palavra para fora da Palavra e a mata;

pois o Senhor na Sua Palavra recomenda a todo homem desejoso de salvar-se que faça o bem ao próximo como por si próprio, mas creia que é pelo Senhor.

  
/ 962  
  

Tradução de J. Lopes Figueiredo. EDITORA E LIVRARIA SWEDENBORG LTDA. Rua das Graças, 45 — Bairro de Fátima Rio de Janeiro — Brasil CEP 20240 1987