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Divina Providência #0

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Divina Providência, por Emanuel Swedenborg

Sabedoria Angélica sobre a Divina Providência

Publicado em latim em Amsterdã no ano de 1764 por Emanuel Swedenborg

Do latim Sapientia Angelica de Divina Providentia

Tradução: Cristóvão Rabelo Nobre

Revisão: Jorge de Lima Medeiros

Direitos desta edição reservados a:

Edições das Doutrinas Celestes para a Nova Jerusalém

Brasil, 2010

Sumário

Capítulo 1

A Divina Providência é o governo do Divino Amor e da Divina Sabedoria do Senhor (§ 1)

§ 3. (i.) O universo, com todas e cada uma de suas coisas, foi criado pelo Divino Amor por meio da Divina Sabedoria.

§ 4. (ii.) O Divino Amor e a Divina Sabedoria procedem do Senhor como um só.

§ 5. (iii.) Essa unidade está numa espécie de imagem em tudo o que foi criado.

§ 7. (iv.) É da Divina Providência que tudo o que foi criado seja tal unidade, no geral e no particular, e, se não for, que assim se torne.

§ 10. (v.) O bem do amor não é bem além da medida em que estiver unido ao vero da sabedoria, e o vero da sabedoria não é vero além da medida em que estiver unido ao bem do amor.

§ 14. (vi.) O bem do amor não unido ao vero da sabedoria não é o bem em si, mas um bem aparente, e o vero da sabedoria não unido ao bem do amor não é o vero em si, mas um vero aparente.

§ 16. (vii.) O Senhor não consente que algo seja dividido; por isso, deve-se estar ou no bem e ao mesmo tempo no vero, ou no mal e ao mesmo tempo no falso.

§ 19. (viii.) Aquilo que está no bem e ao mesmo tempo no vero é alguma coisa; e aquilo que está no mal e ao mesmo tempo no falso não é coisa alguma.

§ 21. (ix.) A Divina Providência do Senhor faz com que o mal e o falso juntamente sirvam para o equilíbrio, a relação, a purificação e, assim, a conjunção do bem e do vero nos outros.

Capítulo 2

A Providência do Senhor tem por fim um céu proveniente do gênero humano (§ 27)

§ 28. (i.) O céu é a conjunção com o Senhor.

§ 32. (ii.) Pela criação, o homem é tal que pode ser conjunto cada vez mais de perto ao Senhor.

§ 34. (iii.) Quanto mais de perto o homem é conjunto ao Senhor, mais sábio se torna.

§ 37. (iv.) Quanto mais de perto o homem é conjunto ao Senhor, mais feliz se torna.

§ 42. (v.) Quanto mais de perto o homem é conjunto ao Senhor, mais distintamente lhe parece que se pertence, e mais claramente nota que pertence ao Senhor.

Capítulo 3

A Divina Providência do Senhor visa o infinito e o eterno em tudo que faz (§ 46)

§ 48. (i.) Que o Infinito e Eterno em si seja o mesmo que o Divino.

§ 52. (ii.) O Infinito e Eterno em si não pode deixar de visar o infinito [e o eterno] por si nos finitos.

§ 55. (iii.) A Divina Providência, em tudo que faz, visa o infinito e o eterno por si, principalmente salvar o gênero humano.

§ 60. (iv.) A imagem do Infinito e do Eterno existe no céu angélico proveniente do gênero humano salvo.

§ 64. (v.) O íntimo da Divina Providência é visar o infinito e o eterno na formação do céu angélico, que é, diante de Deus, como um único homem que é a Sua Imagem.

Capítulo 4

Há leis da Divina Providência que são desconhecidas do homem (§ 70)

1ª . É uma Lei da Divina Providência que o homem aja pelo livre segundo a razão. (§ 71)

§ 73. (i.) O homem tem a razão e o livre, ou a racionalidade e a liberdade, e essas duas faculdades são do Senhor no homem.

§ 74. (ii.) Tudo o que o homem faz pelo livre, seja ou não da razão, contanto que seja segundo a sua razão, lhe parece como seu.

§ 78. (iii.) Tudo o que o homem faz pelo livre segundo seu pensamento é-lhe apropriado como seu, e permanece.

§ 82. (iv.) O homem é reformado e regenerado por meio dessas duas faculdades, e sem elas não pode ser reformado e regenerado.

§ 87. (v.) Por meio dessas duas faculdades o homem pode ser reformado e regenerado tanto quanto puder por elas ser conduzido a reconhecer que todo bem e vero que pensa e faz é procedente do Senhor e não de si mesmo.

§ 92. (vi.) A conjunção do Senhor com o homem e a conjunção recíproca, do homem com o Senhor, se fazem por essas duas faculdades.

§ 96. (vii.) O Senhor, em toda progressão de Sua Divina Providência, preserva intactas e como santas essas duas faculdades no homem.

§ 97. (viii.) Por isso, é da Divina Providência que o homem aja pelo livre segundo a razão.

2ª. É uma Lei da Divina Providência que o homem remova como por si mesmo os males como pecados no homem externo; e assim, e não de outro modo, o Senhor pode remover os males no homem interno e então, ao mesmo tempo, no externo. (§ 100)

§ 103. (i.) Cada homem tem um externo e um interno do pensamento.

§ 106. (ii.) O externo do pensamento do homem é em si tal qual é o seu interno.

§ 111. (iii.) O interno não pode ser purificado das concupiscências do mal enquanto os males no homem externo não forem afastados, porque esses obstruem.

§ 114. (iv.) Os males no homem externo não podem ser afastados pelo Senhor a não ser por intermédio do homem.

§ 118. (v.) Por isso o homem deve remover como por si mesmo os males do homem externo.

§ 119. (vi.) O Senhor então purifica o homem das concupiscências do mal no homem interno e dos males mesmos no externo.

§ 123. (vii.) O contínuo da Divina Providência do Senhor consiste em conjuntar o homem a Si e Ele ao homem, para que possa lhe dar as felicidades da vida eterna, e isso não pode ser feito a não ser na medida que forem afastados os males com suas concupiscências.

3ª. É uma Lei da Divina Providência que homem não seja constrangido por meios externos a pensar e a querer, assim, a crer nas coisas que são da religião e a amá-las, mas que o homem a si mesmo se persuada e, às vezes, se constranja a isso. (§ 129)

§ 130. (i.) Ninguém é reformado por meio de milagres e sinais, porque eles constrangem.

§ 134. (ii.) Ninguém é reformado por meio de visões e por conversas com os com os mortos, porque elas constrangem.

§ 136. (iii.) Ninguém é reformado por meio de ameaças e castigos, porque eles constrangem.

§ 138. (iv.) Ninguém é reformado em estados de não racionalidade e de não liberdade.

§ 145. (v.) Não é contra a racionalidade e a liberdade constranger-se a si mesmo.

§ 150. (vi.) O homem externo deve ser reformado por meio do interno e não o contrário.

4ª. É uma lei da Divina Providência que o homem seja conduzido e ensinado por meio da Palavra, da doutrina e das pregações da Palavra, e isso em toda a aparência como por si mesmo. (§ 154)

§ 155. (i.) O homem é conduzido e ensinado somente pelo Senhor.

§ 162. (ii.) O homem é conduzido e ensinado somente pelo Senhor por meio do céu angélico e a partir desse céu.

§ 165. (iii.) O homem é conduzido pelo influxo e ensinado pela iluminação.

§ 171. (iv.) O homem é ensinado por meio da Palavra, da doutrina e das pregações da Palavra, assim, imediatamente pelo Senhor, somente.

§ 174. (v.) O homem é conduzido e ensinado pelo Senhor, nos externos, em toda aparência de como por si mesmo.

5ª. É uma lei da Divina Providência que o homem não perceba e não sinta coisa alguma da operação da Divina Providência, mas que não obstante a conheça e reconheça. (§ 175)

§ 176. (i.) Se o homem percebesse e sentisse a operação da Divina Providência não agiria pelo livre segundo a razão nem coisa lhe pareceria como vinda de si. Seria do mesmo modo se ele previsse os eventos.

§ 180. (ii.) Se o homem visse manifestamente a Divina Providência, interferiria na ordem e no curso de sua progressão, e os perverteria e destruiria.

§ 182. (iii.) Se o homem visse manifestamente a Divina Providência, ou negaria a Deus ou far-se-ia um deus.

§ 187. (iv.) É concedido ao homem ver a Divina Providência por trás e não pela face; também, num estado espiritual e não num estado natural.

Capítulo 5

A prudência própria é nula, somente parece existir e também deve parecer que existe; mas a Divina Providência pelos muito singulares é universal (§ 191)

§ 193. (i.) Todos os pensamentos do homem são provenientes das afeições do amor de sua vida e sem nelas não há nem pode haver pensamentos.

§ 197. (ii.) As afeições do amor da vida do homem são conhecidas pelo Senhor, somente.

§ 200. (iii.) As afeições do amor da vida do homem são conduzidas pelo Senhor por meio de Sua Divina Providência e, ao mesmo tempo, também os pensamentos de que vem a prudência humana.

§ 201. (iv.) O Senhor, por Sua Divina Providência, compõe as afeições [de todo o gênero humano] em uma forma, que é a forma humana.

§ 204. (v.) O céu e o inferno estão nessa forma.

§ 205. (vi.) Os que reconheceram somente a natureza e somente a prudência humana constituem o inferno; e os que reconheceram Deus e Sua Divina Providência constituem o céu.

§ 210. (vii.) Todas essas coisas não podem ter lugar a menos que pareça ao homem que é por si mesmo que ele pensa e dispõe.

Capítulo 6

A Divina Providência visa as coisas eternas e não as temporais, a não ser tanto quanto concordem com as eternas (§ 214)

§ 215. (i.) As coisas temporais se referem às dignidades e às riquezas, assim, às honras e ao ganho no mundo.

§ 216. (ii.) As eternas se referem à honras e riquezas espirituais, que são do amor e da sabedoria no céu.

§ 218. (iii.) As temporais e as eternas são separadas pelo homens, mas conjuntas pelo Senhor.

§ 220. (iv.) A conjunção das temporais e das eternas é da Divina Providência do Senhor.

Capítulo 7

O homem não é introduzido interiormente nos veros da fé e nos bens da caridade senão tanto quanto pode neles ser mantido até o fim da vida (§ 221)

§ 222. (i.) O homem pode ser introduzido na sabedoria das coisas espirituais e também no amor por elas e, todavia, não ser reformado.

§ 226. (ii.) Se o homem em seguida se afasta deles e vai em sentido contrário profana as coisas santas.

§ 229. (iii.) Há muitos gêneros de profanação, mas esse gênero é o pior de todos.

§ 232. (iv.) Por isso, o Senhor não introduz o homem interiormente nos veros da sabedoria e, ao mesmo tempo, nos bens do amor senão tanto quanto o homem pode neles ser mantido até o fim da vida.

Capítulo 8

As leis da permissão são também leis da Divina Providência

234)

...Algumas coisas que são da permissão e, todavia, segundo as leis da Divina Providência, pelas quais o homem meramente natural se confirma em favor da natureza e contra Deus, e em favor da prudência humana e contra a Divina Providência. Por exemplo, quando lê na Palavra:

§ 241. (i.) Que o mais sábio dos homens, Adão, e a sua esposa se deixaram seduzir pela serpente, e que Deus não evitou isso por Sua Divina Providência.

§ 242. (ii.) Que o primeiro filho deles, Caim, matou seu irmão, Abel, e que Deus não o dissuadiu, falando com ele, mas somente depois do fato o amaldiçoou.

§ 243. (iii.) Que a nação israelita no deserto adorou um bezerro de ouro e o reconheceu como o deus que os tirara da terra do Egito, enquanto Jehovah viu isso de perto, do Monte Sinai, e não o impediu.

§ 244. (iv.) Depois, que David enumerou o povo e, por causa disso, foi enviada uma peste de que tantos milhares de homens pereceram, e Deus, não antes, mas depois do fato, enviou a ele o profeta Gade e este anunciou a pena.

§ 245. (v.) Que tenha sido permitido a Salomão instaurar um culto idolátrico.

§ 246. (vi.) [Que tenha sido permitido] a muitos reis depois de Salomão profanarem o templo e as coisas santas da igreja.

§ 247. (vi.) E, finalmente, que àquela mesma nação fosse permitido crucificar o Senhor.

§ 249. (i.) Todo adorador de si mesmo e adorador da natureza se confirma contra a Divina Providência quando vê no mundo tantos ímpios e as tantas impiedades deles, e ao mesmo tempo as glórias que alguns deles daí têm, sem que Deus lhes inflija punição alguma por causa disso. E ainda mais se confirma contra a Divina Providência quando vê que são bem sucedidas as maquinações, as astúcias e os dolos, até contra os piedosos, justos e sinceros, e que a injustiça triunfa sobre a justiça nos julgamentos e nos negócios.

§ 250. (ii.) O adorador de si mesmo e da natureza se confirma contra a Divina Providência quando vê ímpios serem elevados às honrarias e se tornarem grandes e primazes, e também abundarem em riquezas e viverem no luxo e na magnificência, enquanto os adoradores de Deus vivem no desprezo e na pobreza.

§ 251. (iii.) O adorador de si mesmo e da natureza se confirma contra a Divina Providência quando pensa que as guerras são permitidas e que então tantos homens são mortos e suas riquezas arruinadas.

§ 252. (iv.) O adorador de si mesmo e da natureza se confirma contra a Divina Providência quando pensa, segundo sua percepção, que as vitórias estão do lado da prudência e nem sempre do lado da justiça, e que pouco importa se o comandante é probo ou sem probidade.

§ 254. (i.) O homem meramente natural se confirma contra a Divina Providência quando vê as religiões das diversas nações e considera que existem os que desconhecem Deus completamente e existem os que adoram o sol e a lua, bem como ídolos e imagens de escultura.

§ 255. (ii.) O homem meramente natural se confirma contra a Divina Providência quando vê que a religião maometana foi aceita por tantos impérios e reinos.

§ 256. (iii.) O homem meramente natural se confirma contra a Divina Providência quando vê que a religião cristã está somente numa pequena parte do mundo habitável, que se chama Europa, e que aí está dividida.

§ 257. (iv.) O homem meramente natural se confirma contra a Divina Providência pelo fato de que em muitos reinos, onde a religião cristã foi aceita, há os que se arrogam poder Divino e querem ser adorados como deuses, e pelo fato de se invocarem homem mortos.

§ 258. (v.) O homem meramente natural se confirma contra a Divina Providência pelo fato de que, entre os que professam a religião cristã, há os que põem a salvação em algumas palavras que pensam e pronunciam, e não em algum bem que fazem.

§ 259. (vi.) O homem meramente natural se confirma contra a Divina Providência pelo fato de terem existido e ainda existirem no mundo cristão tantas heresias, como a dos quakers, dos moravianos, dos anabatistas e muitas outras.

§ 260. (vii.) O homem meramente natural se confirma contra a Divina Providência pelo fato de o judaísmo ainda persistir.

§ 262. (i.) Pode-se levantar dúvida contra a Divina Providência pelo fato de que todo o mundo cristão adora ao Deus uno sob três Pessoas, isto é, três Deuses, e por ter-se ignorado até aqui que Deus é Um em Essência e Pessoa, na qual está a Trindade, e que esse Deus é o Senhor.

§ 264. (ii.) Pode-se levantar dúvida contra a Divina Providência pelo fato de que até aqui se ignorou que em cada uma das coisas da Palavra existe um sentido espiritual e que a santidade da Palavra venha daí.

§ 265. (iii.) Pode-se levantar dúvida contra a Divina Providência pelo fato de que até aqui se ignorou que fugir dos males como pecados seja a religião cristã mesma.

§ 274. (iv.) Pode-se levantar dúvida contra a Divina Providência pelo fato de que até o presente se ignorou que o homem vive homem após a morte, e por não ter isso sido revelado antes.

Capítulo 9

Os males são permitidos para um fim, que é a salvação (§ 275)

§ 277. (i.) Que todo homem esteja no mal, e que deva ser tirado do mal para que seja reformado.

§ 278. (ii.) Os males não podem ser afastados a menos que apareçam.

§ 279. (iii.) Quanto mais os males são afastados, mais são remidos.

§ 281. (iv.) Assim, que a permissão do mal seja para um fim, que haja salvação.

Capítulo 10

A Divina Providência está igualmente nos maus e nos bons

285)

§ 287. (i.) A Divina Providência é universal nas coisas mais singulares, não somente nos bons, mas também nos maus, sem, todavia, estar em seus males.

§ 295. (ii.) Os maus continuamente se lançam nos males, mas o Senhor continuamente os tira dos males.

§ 297. (iii.) Os maus não podem ser tirados inteiramente dos males pelo Senhor e conduzidos ao bem enquanto acreditarem que a própria inteligência é tudo e que a Divina Providência nada é.

§ 299. (iv.) O Senhor governa os infernos pelos opostos, e os maus que estão no mundo Ele governa no inferno quanto aos interiores, mas não quanto aos exteriores.

Capítulo 11

A Divina Providência não apropria o mal nem o bem a pessoa alguma, mas a própria prudência apropria um e outro (§ 308)

§ 310. (i.) O que é a própria prudência e o que é a prudência não própria.

§ 312. (ii.) O homem, pela própria prudência, se persuade e se confirma de que todo bem e vero procede de si e está em si, do mesmo modo que todo mal e falso.

§ 317. (iii.) Tudo o que é persuadido e confirmado permanece como o proprium no homem.

§ 320. (iv.) Se o homem cresse, como é a verdade, que todo bem e vero procede do Senhor, e todo mal e falso procede do inferno, não apropriaria a si o bem, fazendo-o meritório, nem apropriaria a si o mal, fazendo-se culpado do mal.

Capítulo 12

Todo homem pode ser reformado, e não existe predestinação

322)

§ 323. (i.) O propósito da criação é um céu proveniente do gênero humano.

§ 325. (ii.) Assim, é da Divina providência que cada homem possa ser salvo, e são salvos aqueles que reconhecem Deus e vivem no bem.

§ 327. (iii.) É culpa do homem mesmo, se não é salvo.

§ 329. (iv.) Assim, todos foram predestinados para o céu e ninguém para o inferno.

Capítulo 13

O Senhor não pode agir contra as leis da Divina Providência, porque agir contra elas seria agir contra Seu Divino Amor e contra Sua Divina Sabedoria, portanto, contra Si mesmo (§ 331-340)

§ 332. (i.) A operação da Divina Providência para salvar o homem começa em seu nascimento, continua até o fim de sua vida e, depois, na eternidade.

§ 335. (ii.) A operação da Divina Providência se faz continuamente por meios da pura misericórdia.

§ 338. (iii.) Não existe salvação instantânea por misericórdia imediata.

§ 340. (iv.) A salvação instantânea por misericórdia imediata é uma serpente de fogo voando na igreja.

Suplemento

§ 340. Adendo a respeito dos prazeres de alguns espíritos infernais.

Índice

I - A Divina Providência é o governo do Divino Amor e da Divina Sabedoria do Senhor

II - A Providência do Senhor tem por fim um céu proveniente do gênero humano

III - A Divina Providência do Senhor visa o infinito e o eterno em tudo que faz

IV - Há leis da Divina Providência que são desconhecidas do homem

Pippa4, 1 - É uma Lei da Divina Providência que o homem aja pelo livre segundo a razão

4, 2 - É uma Lei da Divina Providência que o homem remova como por si mesmo os males como pecados no homem externo, e assim, e não de outro modo, o Senhor pode remover os males no homem interno e então, ao mesmo tempo, no externo

4, 3 - É uma lei da Divina Providência que homem não seja constrangido por meios externos a pensar e a querer, assim, a crer nas coisas que são da religião e a amá-las, mas que o homem a si mesmo se persuada e, às vezes, se constranja a isso

4, 4 - É uma lei da Divina Providência que o homem seja conduzido e ensinado por meio da Palavra, da doutrina e das pregações da Palavra, e isso em toda a aparência como por si mesmo

4, 5 - É uma lei da Divina Providência que o homem não perceba e não sinta coisa alguma da operação da Divina Providência, mas que não obstante a conheça e reconheça

V - A prudência própria é nula, somente parece existir e também deve parecer que existe; mas a Divina Providência pelos muito singulares é universal.

VI - A Divina Providência visa as coisas eternas e não as temporais, a não ser tanto quanto concordem com as eternas

VII - O homem não é introduzido interiormente nos veros da fé e nos bens da caridade senão tanto quanto pode neles ser mantido até o fim da vida

VIII - As leis da permissão são também leis da Divina Providência

IX - Os males são permitidos para um fim, que é a salvação

X - A Divina Providência está igualmente nos maus e nos bons

XI - A Divina Providência não apropria o mal nem o bem a pessoa alguma, mas a própria prudência apropria um e outro.

XII - Todo homem pode ser reformado, e não existe predestinação

XIII - O Senhor não pode agir contra as leis da Divina Providência, porque agir contra elas seria agir contra Seu Divino Amor e contra Sua Divina Sabedoria, portanto, contra Si mesmo

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Divina Providência, por Emanuel Swedenborg. Publicado em latim em Amsterdã no ano de 1764. Do latim Sapientia Angelica de Divina Providentia. Tradução: Cristóvão Rabelo Nobre, Revisão: Jorge de Lima Medeiros

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Divina Providência #83

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83. A razão por que ninguém pode vir ao reino de Deus se não nascer de novo é porque o homem, pelo hereditário dos pais, nasce em todos os gêneros de males, com a faculdade de poder tornar-se espiritual pela remoção desses males, e se não se tornar espiritual não pode vir ao céu. Renascer ou ser regenerado é de natural tornar-se espiritual. Mas para que se saiba de que maneira o homem é regenerado, essas três coisas devem ser consideradas: qual é o seu primeiro estado, que é o estado de condenação; qual é o seu segundo estado, que é o estado de reforma; e qual é o seu terceiro estado, que é o estado de regeneração.

[2] O primeiro estado do homem, que é o estado de condenação, existe para cada homem pelo hereditário dos pais, pois o homem daí nasce no amor de si e do mundo, e, por estes, como fontes, em males de todo gênero. É pelo prazer desses amores que é conduzido, e os prazeres fazem com que não saiba que está nos males, pois todo prazer do amor só é sentido como um bem. Por isso, também, se não for regenerado, o homem não sabe outra coisa senão que amar a si mesmo e ao mundo sobre todas as coisas é o bem mesmo, e dominar sobre todos os outros e possuir as riquezas dos outros é o bem supremo. Daí também existe todo mal, pois não visa nenhum outro por amor senão a si mesmo; e se visa o outro por amor é como um diabo visa outro diabo e como um ladrão visa outro ladrão quando agem juntos.

[3] Aqueles que confirmam em si esses amores por seus prazeres e pelos males que deles brotam permanecem naturais e se tornam sensuais corpóreos, e, no pensamento, que é de seu espírito, tornam-se insanos. Mas podem, todavia, enquanto estão no mundo, falar e agir racional e sabiamente, pois são homens e têm, por isso, racionalidade e liberdade, mas isso também fazem pelo amor de si e do mundo. Esses, após a morte, quando se tornam espíritos, não podem ter outro prazer senão aquele que tiveram em seu espírito no mundo, e esse prazer é o prazer do amor infernal, que é mudado em um desprazer doloroso e medonho que se entende, na Palavra, pelo tormento e pelo fogo infernal. Por aí é evidente que o primeiro estado do homem é o estado de condenação, e nele se acham aqueles que não se deixam regenerar.

[4] O segundo estado do homem, que é o estado de reforma, existe quando o homem começa a pensar sobre o céu e a alegria dali, portanto, sobre Deus, de Quem existe a alegria do céu. Isso, porém, ele pensa primeiramente pelo prazer do amor de si; a alegria do céu é para ele esse prazer. Mas enquanto o prazer desses amores reina com os prazeres do mal que dali brotam, ele não pode entender outra coisa senão que vir ao céu é fazer preces, ouvir pregações, participar da Santa Ceia, dar aos pobres, socorrer os indigentes, contribuir com os templos, fazer donativos a hospitais e coisas semelhantes. Nesse estado, o homem não sabe outra coisa senão que apenas pensar no que a religião ensina basta para salvar, quer se chame a isso fé, quer se chame fé e caridade. Que ele não entenda outra coisa a não ser que pensar nelas baste para ser salvo é porque não pensa absolutamente sobre os males em cujos prazeres ele está. E enquanto o prazer dos males permanece, também os males permanecem. Os prazeres desses males são provenientes de sua concupiscência, que continuamente os inspira e também os produz, quando não é contida por algum temor.

[5] Enquanto os males nas concupiscências do amor e os prazeres daí permanecerem, não existirá fé alguma, nem caridade, nem piedade, nem culto, senão somente nos externos, que aparecem diante do mundo como sendo alguma coisa, quando, todavia, não o são. Podem ser comparados a águas que emanam de uma fonte impura e que não se podem beber. Enquanto o homem for tal que pensa sobre o céu e sobre Deus pela religião mas não sobre os males como pecados, está ainda no primeiro estado. Mas entra no segundo estado, ou de reforma, quando começa a pensar que o pecado existe e, ainda mais, que isso ou aquilo é um pecado e, de algum modo, examina a si mesmo quanto ao pecado e não o quer mais.

[6] O terceiro estado do homem, que é o estado de regeneração, sucede e continua do estado anterior. Começa quando o homem desiste dos males como pecados, progride como que fugindo deles e é aperfeiçoado nos combates contra eles. Então, conforme vence pelo Senhor, é regenerado. Naquele que é regenerado, a ordem da vida é mudada; de natural torna-se espiritual, pois o natural separado do espiritual é contra a ordem, e o espiritual é segundo a ordem. Por isso o homem regenerado age pela caridade, e o que é de sua fé ele faz com que seja sua caridade. Não pode, porém, tornar-se espiritual além da medida em que está nos veros, pois todo homem é regenerado por meio dos veros e por uma vida segundo eles. Com efeito, regenerado pelos veros ele conhece a vida e pela vida pratica os veros. Assim o bem se conjunta ao vero, que é o casamento espiritual no qual está o céu.

  
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Divina Providência, por Emanuel Swedenborg. Publicado em latim em Amsterdã no ano de 1764. Do latim Sapientia Angelica de Divina Providentia. Tradução: Cristóvão Rabelo Nobre, Revisão: Jorge de Lima Medeiros

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Divina Providência #205

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205. (vi.) Os que reconheceram somente a natureza e somente a prudência humana constituem o inferno; e os que reconheceram Deus e Sua Divina Providência constituem o céu. Todos os que levam uma vida má reconhecem interiormente só a natureza e só a prudência humana. O reconhecimento delas está latente em todo mal, por mais velado que seja com os bens e veros. Estes são apenas vestes emprestadas, ou como grinaldas de flores que perecem, postas em volta do mal para que sua nudez não apareça. Por causa dessa cobertura não se sabe que todos os que levam uma vida má reconhecem interiormente só a natureza e só a prudência humana, pois a cobertura o tira da vista. Mas que ainda assim as reconheçam, pode-se ver pela origem e causa de seu reconhecimento. A fim de o desvendar, dir-se-á de onde vem e o que é a prudência própria, e, em seguida, de onde vem e o que é a Divina Providência; depois, quem e quais são os que nelas estão; e, finalmente, que aqueles que reconhecem a Divina Providência estão no céu, e aqueles que reconhecem a prudência própria estão no inferno.

  
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Divina Providência, por Emanuel Swedenborg. Publicado em latim em Amsterdã no ano de 1764. Do latim Sapientia Angelica de Divina Providentia. Tradução: Cristóvão Rabelo Nobre, Revisão: Jorge de Lima Medeiros