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Divina Providência #0

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Divina Providência, por Emanuel Swedenborg

Sabedoria Angélica sobre a Divina Providência

Publicado em latim em Amsterdã no ano de 1764 por Emanuel Swedenborg

Do latim Sapientia Angelica de Divina Providentia

Tradução: Cristóvão Rabelo Nobre

Revisão: Jorge de Lima Medeiros

Direitos desta edição reservados a:

Edições das Doutrinas Celestes para a Nova Jerusalém

Brasil, 2010

Sumário

Capítulo 1

A Divina Providência é o governo do Divino Amor e da Divina Sabedoria do Senhor (§ 1)

§ 3. (i.) O universo, com todas e cada uma de suas coisas, foi criado pelo Divino Amor por meio da Divina Sabedoria.

§ 4. (ii.) O Divino Amor e a Divina Sabedoria procedem do Senhor como um só.

§ 5. (iii.) Essa unidade está numa espécie de imagem em tudo o que foi criado.

§ 7. (iv.) É da Divina Providência que tudo o que foi criado seja tal unidade, no geral e no particular, e, se não for, que assim se torne.

§ 10. (v.) O bem do amor não é bem além da medida em que estiver unido ao vero da sabedoria, e o vero da sabedoria não é vero além da medida em que estiver unido ao bem do amor.

§ 14. (vi.) O bem do amor não unido ao vero da sabedoria não é o bem em si, mas um bem aparente, e o vero da sabedoria não unido ao bem do amor não é o vero em si, mas um vero aparente.

§ 16. (vii.) O Senhor não consente que algo seja dividido; por isso, deve-se estar ou no bem e ao mesmo tempo no vero, ou no mal e ao mesmo tempo no falso.

§ 19. (viii.) Aquilo que está no bem e ao mesmo tempo no vero é alguma coisa; e aquilo que está no mal e ao mesmo tempo no falso não é coisa alguma.

§ 21. (ix.) A Divina Providência do Senhor faz com que o mal e o falso juntamente sirvam para o equilíbrio, a relação, a purificação e, assim, a conjunção do bem e do vero nos outros.

Capítulo 2

A Providência do Senhor tem por fim um céu proveniente do gênero humano (§ 27)

§ 28. (i.) O céu é a conjunção com o Senhor.

§ 32. (ii.) Pela criação, o homem é tal que pode ser conjunto cada vez mais de perto ao Senhor.

§ 34. (iii.) Quanto mais de perto o homem é conjunto ao Senhor, mais sábio se torna.

§ 37. (iv.) Quanto mais de perto o homem é conjunto ao Senhor, mais feliz se torna.

§ 42. (v.) Quanto mais de perto o homem é conjunto ao Senhor, mais distintamente lhe parece que se pertence, e mais claramente nota que pertence ao Senhor.

Capítulo 3

A Divina Providência do Senhor visa o infinito e o eterno em tudo que faz (§ 46)

§ 48. (i.) Que o Infinito e Eterno em si seja o mesmo que o Divino.

§ 52. (ii.) O Infinito e Eterno em si não pode deixar de visar o infinito [e o eterno] por si nos finitos.

§ 55. (iii.) A Divina Providência, em tudo que faz, visa o infinito e o eterno por si, principalmente salvar o gênero humano.

§ 60. (iv.) A imagem do Infinito e do Eterno existe no céu angélico proveniente do gênero humano salvo.

§ 64. (v.) O íntimo da Divina Providência é visar o infinito e o eterno na formação do céu angélico, que é, diante de Deus, como um único homem que é a Sua Imagem.

Capítulo 4

Há leis da Divina Providência que são desconhecidas do homem (§ 70)

1ª . É uma Lei da Divina Providência que o homem aja pelo livre segundo a razão. (§ 71)

§ 73. (i.) O homem tem a razão e o livre, ou a racionalidade e a liberdade, e essas duas faculdades são do Senhor no homem.

§ 74. (ii.) Tudo o que o homem faz pelo livre, seja ou não da razão, contanto que seja segundo a sua razão, lhe parece como seu.

§ 78. (iii.) Tudo o que o homem faz pelo livre segundo seu pensamento é-lhe apropriado como seu, e permanece.

§ 82. (iv.) O homem é reformado e regenerado por meio dessas duas faculdades, e sem elas não pode ser reformado e regenerado.

§ 87. (v.) Por meio dessas duas faculdades o homem pode ser reformado e regenerado tanto quanto puder por elas ser conduzido a reconhecer que todo bem e vero que pensa e faz é procedente do Senhor e não de si mesmo.

§ 92. (vi.) A conjunção do Senhor com o homem e a conjunção recíproca, do homem com o Senhor, se fazem por essas duas faculdades.

§ 96. (vii.) O Senhor, em toda progressão de Sua Divina Providência, preserva intactas e como santas essas duas faculdades no homem.

§ 97. (viii.) Por isso, é da Divina Providência que o homem aja pelo livre segundo a razão.

2ª. É uma Lei da Divina Providência que o homem remova como por si mesmo os males como pecados no homem externo; e assim, e não de outro modo, o Senhor pode remover os males no homem interno e então, ao mesmo tempo, no externo. (§ 100)

§ 103. (i.) Cada homem tem um externo e um interno do pensamento.

§ 106. (ii.) O externo do pensamento do homem é em si tal qual é o seu interno.

§ 111. (iii.) O interno não pode ser purificado das concupiscências do mal enquanto os males no homem externo não forem afastados, porque esses obstruem.

§ 114. (iv.) Os males no homem externo não podem ser afastados pelo Senhor a não ser por intermédio do homem.

§ 118. (v.) Por isso o homem deve remover como por si mesmo os males do homem externo.

§ 119. (vi.) O Senhor então purifica o homem das concupiscências do mal no homem interno e dos males mesmos no externo.

§ 123. (vii.) O contínuo da Divina Providência do Senhor consiste em conjuntar o homem a Si e Ele ao homem, para que possa lhe dar as felicidades da vida eterna, e isso não pode ser feito a não ser na medida que forem afastados os males com suas concupiscências.

3ª. É uma Lei da Divina Providência que homem não seja constrangido por meios externos a pensar e a querer, assim, a crer nas coisas que são da religião e a amá-las, mas que o homem a si mesmo se persuada e, às vezes, se constranja a isso. (§ 129)

§ 130. (i.) Ninguém é reformado por meio de milagres e sinais, porque eles constrangem.

§ 134. (ii.) Ninguém é reformado por meio de visões e por conversas com os com os mortos, porque elas constrangem.

§ 136. (iii.) Ninguém é reformado por meio de ameaças e castigos, porque eles constrangem.

§ 138. (iv.) Ninguém é reformado em estados de não racionalidade e de não liberdade.

§ 145. (v.) Não é contra a racionalidade e a liberdade constranger-se a si mesmo.

§ 150. (vi.) O homem externo deve ser reformado por meio do interno e não o contrário.

4ª. É uma lei da Divina Providência que o homem seja conduzido e ensinado por meio da Palavra, da doutrina e das pregações da Palavra, e isso em toda a aparência como por si mesmo. (§ 154)

§ 155. (i.) O homem é conduzido e ensinado somente pelo Senhor.

§ 162. (ii.) O homem é conduzido e ensinado somente pelo Senhor por meio do céu angélico e a partir desse céu.

§ 165. (iii.) O homem é conduzido pelo influxo e ensinado pela iluminação.

§ 171. (iv.) O homem é ensinado por meio da Palavra, da doutrina e das pregações da Palavra, assim, imediatamente pelo Senhor, somente.

§ 174. (v.) O homem é conduzido e ensinado pelo Senhor, nos externos, em toda aparência de como por si mesmo.

5ª. É uma lei da Divina Providência que o homem não perceba e não sinta coisa alguma da operação da Divina Providência, mas que não obstante a conheça e reconheça. (§ 175)

§ 176. (i.) Se o homem percebesse e sentisse a operação da Divina Providência não agiria pelo livre segundo a razão nem coisa lhe pareceria como vinda de si. Seria do mesmo modo se ele previsse os eventos.

§ 180. (ii.) Se o homem visse manifestamente a Divina Providência, interferiria na ordem e no curso de sua progressão, e os perverteria e destruiria.

§ 182. (iii.) Se o homem visse manifestamente a Divina Providência, ou negaria a Deus ou far-se-ia um deus.

§ 187. (iv.) É concedido ao homem ver a Divina Providência por trás e não pela face; também, num estado espiritual e não num estado natural.

Capítulo 5

A prudência própria é nula, somente parece existir e também deve parecer que existe; mas a Divina Providência pelos muito singulares é universal (§ 191)

§ 193. (i.) Todos os pensamentos do homem são provenientes das afeições do amor de sua vida e sem nelas não há nem pode haver pensamentos.

§ 197. (ii.) As afeições do amor da vida do homem são conhecidas pelo Senhor, somente.

§ 200. (iii.) As afeições do amor da vida do homem são conduzidas pelo Senhor por meio de Sua Divina Providência e, ao mesmo tempo, também os pensamentos de que vem a prudência humana.

§ 201. (iv.) O Senhor, por Sua Divina Providência, compõe as afeições [de todo o gênero humano] em uma forma, que é a forma humana.

§ 204. (v.) O céu e o inferno estão nessa forma.

§ 205. (vi.) Os que reconheceram somente a natureza e somente a prudência humana constituem o inferno; e os que reconheceram Deus e Sua Divina Providência constituem o céu.

§ 210. (vii.) Todas essas coisas não podem ter lugar a menos que pareça ao homem que é por si mesmo que ele pensa e dispõe.

Capítulo 6

A Divina Providência visa as coisas eternas e não as temporais, a não ser tanto quanto concordem com as eternas (§ 214)

§ 215. (i.) As coisas temporais se referem às dignidades e às riquezas, assim, às honras e ao ganho no mundo.

§ 216. (ii.) As eternas se referem à honras e riquezas espirituais, que são do amor e da sabedoria no céu.

§ 218. (iii.) As temporais e as eternas são separadas pelo homens, mas conjuntas pelo Senhor.

§ 220. (iv.) A conjunção das temporais e das eternas é da Divina Providência do Senhor.

Capítulo 7

O homem não é introduzido interiormente nos veros da fé e nos bens da caridade senão tanto quanto pode neles ser mantido até o fim da vida (§ 221)

§ 222. (i.) O homem pode ser introduzido na sabedoria das coisas espirituais e também no amor por elas e, todavia, não ser reformado.

§ 226. (ii.) Se o homem em seguida se afasta deles e vai em sentido contrário profana as coisas santas.

§ 229. (iii.) Há muitos gêneros de profanação, mas esse gênero é o pior de todos.

§ 232. (iv.) Por isso, o Senhor não introduz o homem interiormente nos veros da sabedoria e, ao mesmo tempo, nos bens do amor senão tanto quanto o homem pode neles ser mantido até o fim da vida.

Capítulo 8

As leis da permissão são também leis da Divina Providência

234)

...Algumas coisas que são da permissão e, todavia, segundo as leis da Divina Providência, pelas quais o homem meramente natural se confirma em favor da natureza e contra Deus, e em favor da prudência humana e contra a Divina Providência. Por exemplo, quando lê na Palavra:

§ 241. (i.) Que o mais sábio dos homens, Adão, e a sua esposa se deixaram seduzir pela serpente, e que Deus não evitou isso por Sua Divina Providência.

§ 242. (ii.) Que o primeiro filho deles, Caim, matou seu irmão, Abel, e que Deus não o dissuadiu, falando com ele, mas somente depois do fato o amaldiçoou.

§ 243. (iii.) Que a nação israelita no deserto adorou um bezerro de ouro e o reconheceu como o deus que os tirara da terra do Egito, enquanto Jehovah viu isso de perto, do Monte Sinai, e não o impediu.

§ 244. (iv.) Depois, que David enumerou o povo e, por causa disso, foi enviada uma peste de que tantos milhares de homens pereceram, e Deus, não antes, mas depois do fato, enviou a ele o profeta Gade e este anunciou a pena.

§ 245. (v.) Que tenha sido permitido a Salomão instaurar um culto idolátrico.

§ 246. (vi.) [Que tenha sido permitido] a muitos reis depois de Salomão profanarem o templo e as coisas santas da igreja.

§ 247. (vi.) E, finalmente, que àquela mesma nação fosse permitido crucificar o Senhor.

§ 249. (i.) Todo adorador de si mesmo e adorador da natureza se confirma contra a Divina Providência quando vê no mundo tantos ímpios e as tantas impiedades deles, e ao mesmo tempo as glórias que alguns deles daí têm, sem que Deus lhes inflija punição alguma por causa disso. E ainda mais se confirma contra a Divina Providência quando vê que são bem sucedidas as maquinações, as astúcias e os dolos, até contra os piedosos, justos e sinceros, e que a injustiça triunfa sobre a justiça nos julgamentos e nos negócios.

§ 250. (ii.) O adorador de si mesmo e da natureza se confirma contra a Divina Providência quando vê ímpios serem elevados às honrarias e se tornarem grandes e primazes, e também abundarem em riquezas e viverem no luxo e na magnificência, enquanto os adoradores de Deus vivem no desprezo e na pobreza.

§ 251. (iii.) O adorador de si mesmo e da natureza se confirma contra a Divina Providência quando pensa que as guerras são permitidas e que então tantos homens são mortos e suas riquezas arruinadas.

§ 252. (iv.) O adorador de si mesmo e da natureza se confirma contra a Divina Providência quando pensa, segundo sua percepção, que as vitórias estão do lado da prudência e nem sempre do lado da justiça, e que pouco importa se o comandante é probo ou sem probidade.

§ 254. (i.) O homem meramente natural se confirma contra a Divina Providência quando vê as religiões das diversas nações e considera que existem os que desconhecem Deus completamente e existem os que adoram o sol e a lua, bem como ídolos e imagens de escultura.

§ 255. (ii.) O homem meramente natural se confirma contra a Divina Providência quando vê que a religião maometana foi aceita por tantos impérios e reinos.

§ 256. (iii.) O homem meramente natural se confirma contra a Divina Providência quando vê que a religião cristã está somente numa pequena parte do mundo habitável, que se chama Europa, e que aí está dividida.

§ 257. (iv.) O homem meramente natural se confirma contra a Divina Providência pelo fato de que em muitos reinos, onde a religião cristã foi aceita, há os que se arrogam poder Divino e querem ser adorados como deuses, e pelo fato de se invocarem homem mortos.

§ 258. (v.) O homem meramente natural se confirma contra a Divina Providência pelo fato de que, entre os que professam a religião cristã, há os que põem a salvação em algumas palavras que pensam e pronunciam, e não em algum bem que fazem.

§ 259. (vi.) O homem meramente natural se confirma contra a Divina Providência pelo fato de terem existido e ainda existirem no mundo cristão tantas heresias, como a dos quakers, dos moravianos, dos anabatistas e muitas outras.

§ 260. (vii.) O homem meramente natural se confirma contra a Divina Providência pelo fato de o judaísmo ainda persistir.

§ 262. (i.) Pode-se levantar dúvida contra a Divina Providência pelo fato de que todo o mundo cristão adora ao Deus uno sob três Pessoas, isto é, três Deuses, e por ter-se ignorado até aqui que Deus é Um em Essência e Pessoa, na qual está a Trindade, e que esse Deus é o Senhor.

§ 264. (ii.) Pode-se levantar dúvida contra a Divina Providência pelo fato de que até aqui se ignorou que em cada uma das coisas da Palavra existe um sentido espiritual e que a santidade da Palavra venha daí.

§ 265. (iii.) Pode-se levantar dúvida contra a Divina Providência pelo fato de que até aqui se ignorou que fugir dos males como pecados seja a religião cristã mesma.

§ 274. (iv.) Pode-se levantar dúvida contra a Divina Providência pelo fato de que até o presente se ignorou que o homem vive homem após a morte, e por não ter isso sido revelado antes.

Capítulo 9

Os males são permitidos para um fim, que é a salvação (§ 275)

§ 277. (i.) Que todo homem esteja no mal, e que deva ser tirado do mal para que seja reformado.

§ 278. (ii.) Os males não podem ser afastados a menos que apareçam.

§ 279. (iii.) Quanto mais os males são afastados, mais são remidos.

§ 281. (iv.) Assim, que a permissão do mal seja para um fim, que haja salvação.

Capítulo 10

A Divina Providência está igualmente nos maus e nos bons

285)

§ 287. (i.) A Divina Providência é universal nas coisas mais singulares, não somente nos bons, mas também nos maus, sem, todavia, estar em seus males.

§ 295. (ii.) Os maus continuamente se lançam nos males, mas o Senhor continuamente os tira dos males.

§ 297. (iii.) Os maus não podem ser tirados inteiramente dos males pelo Senhor e conduzidos ao bem enquanto acreditarem que a própria inteligência é tudo e que a Divina Providência nada é.

§ 299. (iv.) O Senhor governa os infernos pelos opostos, e os maus que estão no mundo Ele governa no inferno quanto aos interiores, mas não quanto aos exteriores.

Capítulo 11

A Divina Providência não apropria o mal nem o bem a pessoa alguma, mas a própria prudência apropria um e outro (§ 308)

§ 310. (i.) O que é a própria prudência e o que é a prudência não própria.

§ 312. (ii.) O homem, pela própria prudência, se persuade e se confirma de que todo bem e vero procede de si e está em si, do mesmo modo que todo mal e falso.

§ 317. (iii.) Tudo o que é persuadido e confirmado permanece como o proprium no homem.

§ 320. (iv.) Se o homem cresse, como é a verdade, que todo bem e vero procede do Senhor, e todo mal e falso procede do inferno, não apropriaria a si o bem, fazendo-o meritório, nem apropriaria a si o mal, fazendo-se culpado do mal.

Capítulo 12

Todo homem pode ser reformado, e não existe predestinação

322)

§ 323. (i.) O propósito da criação é um céu proveniente do gênero humano.

§ 325. (ii.) Assim, é da Divina providência que cada homem possa ser salvo, e são salvos aqueles que reconhecem Deus e vivem no bem.

§ 327. (iii.) É culpa do homem mesmo, se não é salvo.

§ 329. (iv.) Assim, todos foram predestinados para o céu e ninguém para o inferno.

Capítulo 13

O Senhor não pode agir contra as leis da Divina Providência, porque agir contra elas seria agir contra Seu Divino Amor e contra Sua Divina Sabedoria, portanto, contra Si mesmo (§ 331-340)

§ 332. (i.) A operação da Divina Providência para salvar o homem começa em seu nascimento, continua até o fim de sua vida e, depois, na eternidade.

§ 335. (ii.) A operação da Divina Providência se faz continuamente por meios da pura misericórdia.

§ 338. (iii.) Não existe salvação instantânea por misericórdia imediata.

§ 340. (iv.) A salvação instantânea por misericórdia imediata é uma serpente de fogo voando na igreja.

Suplemento

§ 340. Adendo a respeito dos prazeres de alguns espíritos infernais.

Índice

I - A Divina Providência é o governo do Divino Amor e da Divina Sabedoria do Senhor

II - A Providência do Senhor tem por fim um céu proveniente do gênero humano

III - A Divina Providência do Senhor visa o infinito e o eterno em tudo que faz

IV - Há leis da Divina Providência que são desconhecidas do homem

Pippa4, 1 - É uma Lei da Divina Providência que o homem aja pelo livre segundo a razão

4, 2 - É uma Lei da Divina Providência que o homem remova como por si mesmo os males como pecados no homem externo, e assim, e não de outro modo, o Senhor pode remover os males no homem interno e então, ao mesmo tempo, no externo

4, 3 - É uma lei da Divina Providência que homem não seja constrangido por meios externos a pensar e a querer, assim, a crer nas coisas que são da religião e a amá-las, mas que o homem a si mesmo se persuada e, às vezes, se constranja a isso

4, 4 - É uma lei da Divina Providência que o homem seja conduzido e ensinado por meio da Palavra, da doutrina e das pregações da Palavra, e isso em toda a aparência como por si mesmo

4, 5 - É uma lei da Divina Providência que o homem não perceba e não sinta coisa alguma da operação da Divina Providência, mas que não obstante a conheça e reconheça

V - A prudência própria é nula, somente parece existir e também deve parecer que existe; mas a Divina Providência pelos muito singulares é universal.

VI - A Divina Providência visa as coisas eternas e não as temporais, a não ser tanto quanto concordem com as eternas

VII - O homem não é introduzido interiormente nos veros da fé e nos bens da caridade senão tanto quanto pode neles ser mantido até o fim da vida

VIII - As leis da permissão são também leis da Divina Providência

IX - Os males são permitidos para um fim, que é a salvação

X - A Divina Providência está igualmente nos maus e nos bons

XI - A Divina Providência não apropria o mal nem o bem a pessoa alguma, mas a própria prudência apropria um e outro.

XII - Todo homem pode ser reformado, e não existe predestinação

XIII - O Senhor não pode agir contra as leis da Divina Providência, porque agir contra elas seria agir contra Seu Divino Amor e contra Sua Divina Sabedoria, portanto, contra Si mesmo

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Divina Providência, por Emanuel Swedenborg. Publicado em latim em Amsterdã no ano de 1764. Do latim Sapientia Angelica de Divina Providentia. Tradução: Cristóvão Rabelo Nobre, Revisão: Jorge de Lima Medeiros

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Divina Providência #134

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134. (ii.) Ninguém é reformado por visões e por conversas com defuntos, porque elas constrangem. As visões são de dois gêneros: Divinas e diabólicas. As visões Divinas se fazem por representativos no céu, e as visões diabólicas se fazem por magia no inferno. Há também visões fantasiosas, que são devaneios de uma mente abstrata. As visões Divinas que, como se disse, se fazem por representativos no céu, são como as que ocorreram aos profetas. Eles, quando estavam nas visões, não se achavam no corpo, mas no espírito, pois as visões não podem aparecer a homem algum na vigília de seu corpo. Por isso, quando apareceram aos profetas, foi dito também que então eles se achavam no espírito, como se vê pelo que se segue. Ezequiel disse:

"O Espírito me elevou e me trouxe ao cativeiro na Caldéia, na visão de Deus, no Espírito de Deus; assim levantou sobre mim a visão que vi" (Ezequiel 11:1, 24).

Depois, diz-se que o Espírito o elevou entre a terra e o céu, e o arrebatou a Jerusalém em visões de Deus (Ezequiel 8:3, seq.). Foi semelhante na visão de Deus ou do Espírito, quando viu os quatro animais, que eram querubins (Ezequiel 1:10), e quando viu o novo templo e a nova terra, e um anjo que os media (cap. 40-48). Que então tenha estado em visões de Deus, diz-se no Ezequiel 40:2, 26; e que estava em espírito, Ezequiel 43:5.

[2] Num estado semelhante Zacarias esteve quando viu um varão cavalgando entre as murtas (Zacarias 1:8, seq.); quando viu quatro chifres (Zacarias 1:18) e um varão em cuja mão havia um cordel de medir (Zacarias 2:1-3); quando viu um castiçal e duas oliveiras (Zacarias 4:1, seq.); quando viu um rolo voando e um efa (Zacarias 5:1, 6); quando viu quatro carros saindo de entre dois montes, e cavalos (Zacarias 6:1, seq.). Num estado semelhante esteve Daniel quando viu quatro bestas subindo do mar (Daniel 7:1, seq.) e quando viu os combates do bode e do carneiro (Daniel 8:1, seq.). Que as tenha visto na visão de seu espírito, diz-se nos Daniel 7:1-2, 7, 13; 8:2; 10:1, 7-8; e que ele viu o anjo Gabriel em visão, Daniel 9:21.

[3] Em visão do espírito também esteve João quando viu as coisas descritas no Apocalipse, como, por exemplo, quando viu sete castiçais e o Filho do homem no meio deles (Apocalipse 1:12-16); quando viu um trono no céu e o Que estava sentado sobre o trono, e quatro animais, que eram querubins, ao redor dele (Apocalipse 4); quando viu o livro da vida tomado pelo Cordeiro (Apocalipse 5); quando viu cavalos saindo do livro (Apocalipse 6); quando viu sete anjos com trombetas (Apocalipse 8); quando viu um poço do abismo aberto e gafanhotos saindo dali (Apocalipse 9); quando viu o dragão e seus combates contra Miguel (Apocalipse 12); quando viu duas bestas subindo, uma do mar e outra da terra (Apocalipse 13); quando viu a mulher sentada sobre a besta escarlate (Apocalipse 17); e a Babilônia destruída (Apocalipse 18); quando viu o cavalo branco e o Que estava sentado sobre ele (Apocalipse 19); quando viu um novo céu e uma nova terra, e a santa Jerusalém descendo do céu (Apocalipse 21); e quando viu o rio de água da vida (Apocalipse 22). Que ele as tenha visto em visão do espírito, diz-se nos Apocalipse 1:10, 4:2, 5:1, 6:1, 21:1-2. Essas foram as visões que apareceram do céu perante a vista de seus espíritos e não perante a vista de seus corpos. Visões assim não existem hoje, pois se existissem não seriam compreendidas, porquanto se fazem por representativos, cada um dos quais significando coisas internas da igreja e arcanos do céu. Também, que elas deviam cessar quando o Senhor viesse ao mundo, isso foi predito por Daniel 9:24. As visões diabólicas, porém, ocorreram algumas vezes, induzidas por espíritos entusiastas e visionários que, pelo delírio em que se acham, chamaram a si mesmos de Espírito Santo. Mas esses espíritos foram agora reunidos pelo Senhor e lançados num inferno separado dos infernos dos outros. Por aí é evidente que ninguém pode ser reformado por outras visões senão as que estão na Palavra. Existem, também, visões fantasiosas, mas elas são meros devaneios de uma mente abstrata.

134b. Que ninguém seja reformado por conversas com os mortos, vê-se pelas palavras do Senhor a respeito do rico no inferno e Lázaro no seio de Abrahão, pois o rico disse:

"Rogo-te, pai" Abrahão "que envies" Lázaro "à casa de meus pais, porque tenho cinco irmãos para lhes testificar, para que não venham também a este lugar de tormento. Disse-lhe Abrahão: Têm Moisés e os profetas, ouçam-nos. Ele, porém, disse: Não, pai Abrahão, mas si algum dos mortos vier a eles, farão penitência. Respondeu-lhe... Se não ouvem a Moisés e aos profetas, não serão persuadidos, ainda que alguém ressuscite dos mortos" (Lucas 16:27-31).

A conversa com os mortos produziria o mesmo efeito que os milagres de que se tratou logo acima, a saber, o homem seria persuadido e coagido ao culto por pouco tempo. Mas, como isso priva o homem da racionalidade e, ao mesmo tempo, enclausura os males, como se disse acima, esse fascínio ou vínculo interno se esvai e os males enclausurados brotam com blasfêmia e profanação. Mas isso acontece somente quando os espíritos induzem algum dogma de religião, o que não é feito jamais por algum espírito bom e ainda menos por algum anjo do céu.

  
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Divina Providência, por Emanuel Swedenborg. Publicado em latim em Amsterdã no ano de 1764. Do latim Sapientia Angelica de Divina Providentia. Tradução: Cristóvão Rabelo Nobre, Revisão: Jorge de Lima Medeiros

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Divina Providência #215

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215. (i.) As coisas temporais se referem às dignidades e às riquezas, assim, às honras e ao ganho no mundo. As coisas temporais são muitas, mas todas elas se referem às dignidades e às riquezas. Pelas coisas temporais se entendem aquelas que perecem com o tempo ou acabam juntamente com a vida do homem no mundo, ao passo que pelas eternas se entendem as que não perecem nem acabam com o tempo, por conseguinte, juntamente com a vida no mundo. Visto que, como se disse, todas as coisas temporais se referem às dignidades e às riquezas, importa conhecer essa sequência, ou seja: [primeiro:] O que são e de onde vêm as dignidades e riquezas. [segundo:] O que é amor das dignidades e riquezas por causa delas mesmas e o que é o amor delas por causa dos usos. [terceiro:] Esses dois amores são distintos entre si como o inferno e o céu. [quarto:] A diferença entre esses dois amores é dificilmente conhecida pelo homem. Mas tratar-se-á de cada um desses pontos distintamente.

[2] Primeiro: O que são e de onde vêm as dignidades e riquezas. As dignidades e riquezas eram coisas inteiramente diferentes do que se tornaram nos tempos seguintes. As dignidades nos tempos antiquíssimos não foram outra coisa senão as que existem entre pais e filhos, dignidades essas que foram dignidades do amor, cheias de respeito e veneração, não por causa de seu nascimento, mas por causa da instrução e da sabedoria vindas deles, que é outro nascimento, espiritual em si, pois era de seu espírito. Só essa dignidade existiu nos tempos antiquíssimos, em que então se habitava separadamente por nações, famílias e casas, e não sob impérios, como hoje. Era no pai de família que estava essa dignidade. Os antigos chamaram esses tempos de Idade de Ouro.

[3] Após esses tempos surgiu [invasit] gradativamente o amor de dominar pelo prazer único desse amor; e como então surgiu ao mesmo tempo as inimizades e hostilidades contra que os que não queriam se submeter, as nações, famílias e casas precisaram se congregar em comunidades e se sujeitaram a um governante a quem no começo chamavam juiz, em seguida príncipe e finalmente rei e imperador. E também começaram a se prover de torres, paliçadas e muralhas. Do juiz, príncipe, rei e imperador, como uma cabeça no corpo, surgiu como que um contágio de dominar sobre muitos, donde nasceram os graus de dignidades e também de honras segundo as dignidades, e, com elas, o amor de si e o orgulho da prudência própria.

[4] O mesmo aconteceu com o amor das riquezas. Nos tempos antiquíssimos, quando as nações e famílias habitavam distintamente entre si, não havia outro amor das riquezas senão o de possuírem as coisas necessárias da vida, que adquiriam para si por meio de rebanhos e gados e por meio de lavouras, campos e jardins, de que lhes provinha o alimento. Entre as coisas necessárias de suas vidas estavam também a arrumação da casa, ornada de todo gênero de utensílios, e também as vestimentas. Ao cuidado e à obra de todas essas coisas se dedicavam os pais, filhos, criados e criadas que havia na casa.

[5] Mas, depois que o amor de dominar surgiu e destruiu essa coisa pública, também surgiu o amor de possuírem riquezas além das necessidades, que cresceu ao extremo de quererem possuir todas as riquezas dos outros. Esses dois amores são como consanguíneos, pois quem quer dominar sobre todas as coisas, quer também possuí-las todas, uma vez que assim todos se tornam servos e eles, somente, senhores. Isso se vê claramente por aqueles da nação católica, que exaltaram seu domínio até o céu e o trono do Senhor, sobre o qual se puseram, e também procuraram todas as riquezas da terra e ampliaram sem fim os seus tesouros.

[6] Segundo: O que é amor das dignidades e riquezas por causa delas mesmas e o que é o amor delas por causa dos usos. O amor das dignidades e das honras por causa das dignidades e honras é o amor de si, propriamente o amor de dominar pelo amor de si, e o amor das riquezas e da opulência por causa das riquezas e da opulência é o amor do mundo, propriamente o amor de possuir os bens dos outros por um artifício qualquer. Mas o amor das dignidades e das riquezas por causa dos usos é o amor dos usos, que é o mesmo que o amor ao próximo, pois aquilo por que o homem age é um fim de onde as demais coisas procedem; é o primeiro e o primário, e as demais coisas são meios e são secundárias.

[7] O amor das dignidades e das honras por causa delas mesmas – que é o mesmo que o amor de si, propriamente o amor de dominar pelo amor de si – é o amor do proprium, e o proprium do homem é inteiramente o mal. Assim é que se diz que o homem nasce em todo mal e que seu hereditário não é outra coisa senão o mal. O hereditário do homem é o seu proprium, no qual está e ao qual vem pelo amor de si e principalmente pelo amor de dominar pelo amor de si. Porque o homem, ao nascer nesse amor, não visa senão a si mesmo e, assim, imerge seus pensamentos e afeições no proprium. Daí vem que o amor de si tem interiormente o amor de fazer o mal. A razão é porque não ama o próximo, mas a si só, e quem ama só a si não vê os outros senão como fora de si, ou os vê como vis ou como nada, aos quais despreza em relação a si e considera como nada fazer-lhes mal.

[8] Por isso é que aquele que está no amor de dominar pelo amor de si considera como nada defraudar o próximo, adulterar com a esposa dele, difamá-lo, aspirar a vingança contra ele até a morte, fazer-lhe crueldades e outras coisas semelhantes. Isso o homem deriva do fato de o diabo mesmo, com quem está conjunto e pelo qual é conduzido, não ser outra coisa senão o amor de dominar pelo amor de si, e quem é conduzido pelo diabo, isto é, o inferno, é conduzido a todos esses males e conduzido continuamente pelos prazeres desses males. Daí vem que todos os que estão no inferno querem fazer mal a todos, enquanto os que estão no céu querem a todos fazer bem. Por essa oposição existe o que está no meio, onde o homem está, e está aí como em equilíbrio, a fim de poder voltar-se ou para o inferno ou para o céu; quanto mais favorece os males do amor de si, mais se volta para o inferno, e quanto mais os afasta de si, mais se volta para o céu.

[9] Foi-me concedido sentir a qualidade e a intensidade do prazer do amor de dominar pelo amor de si. Fui posto nele a fim de o conhecer, e era tal que excederia todos os prazeres que existem no mundo. Era um prazer de toda a mente desde os íntimos até seus últimos, embora no corpo não fosse sentido senão como uma volúpia e um bem-estar pela expansão do peito. E foi-me dado também sentir que desse amor, como se de sua fonte, espalham-se todos os males, como o de adulterar, de se vingar, de defraudar, de blasfemar e de malfazer em geral. Um prazer semelhante também existe no amor de possuir as riquezas dos outros por um artifício qualquer e nas concupiscências desse amor, que são derivações, todavia não nesse grau, a menos que esteja conjunto ao amor de si. No que concerne, porém, às dignidades e riquezas não por causa delas, mas por causa dos usos, isto não é amor das dignidades e das riquezas, mas amor dos usos, aos quais as dignidades e as riquezas servem como meios. Este é um amor celeste. Mas sobre isso serão vistas muitas coisas na sequência.

[10] Terceiro: Esses dois amores são distintos entre si como o inferno e o céu. Isto se vê pelo que acaba de ser exposto, ao que acrescentarei isto: todos aqueles que no mundo estão no amor de dominar pelo amor de si, estão, quanto ao espírito, no inferno, quem quer que seja, grande ou pequeno. E todos aqueles que estão nesse amor, estão no amor de todos os males, os quais, se não os fazem, creem-nos, todavia, lícitos em seu espírito, e por isso fazem-nos com o corpo quando a dignidade, a honra e o temor das leis não os impedem. E, o que é mais, o amor de dominar pelo amor de si encerra intimamente em si o ódio a Deus, por conseguinte, às coisas Divinas que são da igreja e, principalmente, ao Senhor. Se reconhecem a Deus, fazem-no somente de boca; e se reconhecem as coisas Divinas da igreja, fazem-no pelo temor da perda das honras. A razão de esse amor encerrar em si o ódio contra o Senhor é porque nesse amor há intimamente o querer ser um deus, pois só a si cultua e adora. Assim é que, se alguém o honra, isto é, a ponto de dizer que tem uma sabedoria divina e que é uma deidade no mundo, a esse ama de coração.

[11] É diferente com o amor das dignidades por causa dos usos. Esse amor é celeste, porque, como se disse, é o mesmo que o amor ao próximo. Pelos usos se entendem os bens; assim, por fazer usos se entende fazer os bens; e por fazer usos ou bens se entende servir aos usos e prestar-lhes serviços Esses, embora estejam na dignidade e na opulência, não visam, todavia, a dignidade e a opulência senão como meios de fazer usos, assim, meios de servir e prestar serviços São esses que se entendem por essas palavras do Senhor:

"Quem entre vós quiser fazer-se grande, seja vosso servo; e quem quiser ... ser o primeiro, seja vosso servo" (Mateus 20:26-27).

São esses também aos quais é confiado o domínio no céu pelo Senhor, pois para eles o domínio é o meio de se praticar usos ou bens, assim, de servir, e quando os usos ou bens são fins ou amores, então não são eles que dominam, mas o Senhor, pois todo bem vem d'Ele.

[12] Quarto: Que a diferença entre esses dois amores seja dificilmente conhecida pelo homem é porque aqueles que estão na dignidade e na opulência, em sua maioria, também prestam usos, mas não sabem se praticam usos por causa de si ou por causa dos usos, ainda mais porque o amor de si e do mundo tem em si mesmo mais fogo e ardor de prestar usos do que ocorre naqueles que não estão no amor de si e do mundo. Mas os primeiros prestam usos por causa da reputação e por causa do ganho, assim, por causa de si, ao passo que aqueles que prestam usos por causa dos usos, ou por causa dos bens, esses não os prestam por si, mas pelo Senhor.

[13] A diferença entre esses amores é dificilmente conhecida pelo homem em razão de que o homem ignora se é conduzido pelo diabo ou se é conduzido pelo Senhor; o que é conduzido pelo diabo presta usos por causa de si e do mundo, mas o que é conduzido pelo Senhor presta usos por causa do Senhor e do céu. E todos os que fogem dos males como pecados prestam usos pelo Senhor, mas todos os que não fogem dos males como pecados prestam usos pelo diabo. Com efeito, o mal é o diabo e o uso ou o bem é o Senhor. Assim e não de outra maneira se conhece a diferença. Um e outro parecem semelhantes na forma externa, mas são inteiramente dessemelhantes na forma interna, pois um é como o ouro em cujo interior há a escória, enquanto o outro é como o ouro que interiormente é ouro puro. E um é como um fruto artificial, que se parece na forma externa com um fruto da árvore, quando porém é cera colorida em cujo interior há pó ou betume, enquanto o outro é como um fruto nobre, de sabor e odor agradáveis, no qual se acham as sementes.

  
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Divina Providência, por Emanuel Swedenborg. Publicado em latim em Amsterdã no ano de 1764. Do latim Sapientia Angelica de Divina Providentia. Tradução: Cristóvão Rabelo Nobre, Revisão: Jorge de Lima Medeiros