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Daniel 11

Студија

   

1 Eu, pois, no primeiro ano de Dario, medo, levantei-me para o animar e fortalecer.

2 E agora te declararei a verdade: Eis que ainda se levantarão três reis na Pérsia, e o quarto será muito mais rico do que todos eles; e tendo-se tornado forte por meio das suas riquezas, agitará todos contra o reino da Grécia.

3 Depois se levantará um rei poderoso, que reinará com grande domínio, e fará o que lhe aprouver.

4 Mas, estando ele em pé, o seu reino será quebrado, e será repartido para os quatro ventos do céu; porém não para os seus descendentes, nem tampouco segundo o poder com que reinou; porque o seu reino será arrancado, e passará a outros que não eles.

5 O rei do sul será forte, como também um dos seus príncipes; e este será mais forte do que ele, e reinará, e grande será o seu domínio,

6 mas, ao cabo de anos, eles se aliarão; e a filha do rei do sul virá ao rei do norte para fazer um tratado. Ela, porém, não conservara a força de seu braço; nem subsistirá ele, nem o seu braço; mas será ela entregue, e bem assim os que a tiverem trazido, e seu pai, e o que a fortalecia naqueles tempos.

7 Mas dum renovo das raízes dela um se levantará em seu lugar, e virá ao exército, e entrará na fortaleza do rei do norte, e operará contra eles e prevalecerá.

8 Também os seus deuses, juntamente com as suas imagens de fundição, com os seus vasos preciosos de prata e ouro, ele os levará cativos para o Egito; e por alguns anos ele deixará de atacar ao rei do norte.

9 E entrará no reino do rei do sul, mas voltará para a sua terra.

10 Mas seus filhos intervirão, e reunirão uma multidão de grandes forças; a qual avançará, e inundará, e passará para adiante; e, voltando, levará a guerra até a sua fortaleza.

11 Então o rei do sul se exasperará, e sairá, e pelejará contra ele, contra o rei do norte; este porá em campo grande multidão, e a multidão será entregue na mão daquele.

12 E a multidão será levada, e o coração dele se exaltará; mas, ainda que derrubará miríades, não prevalecerá.

13 Porque o rei do norte tornará, e porá em campo uma multidão maior do que a primeira; e ao cabo de tempos, isto é, de anos, avançará com grande exército e abundantes provisões.

14 E, naqueles tempos, muitos se levantarão contra o rei do sul; e os violentos dentre o teu povo se levantarão para cumprir a visão, mas eles cairão.

15 Assim virá o rei do norte, e levantará baluartes, e tomará uma cidade bem fortificada; e as forças do sul não poderão resistir, nem o seu povo escolhido, pois não haverá força para resistir.

16 O que, porém, há de vir contra ele fará o que lhe aprouver, e ninguém poderá resistir diante dele; ele se fincará na terra gloriosa, tendo-a inteiramente sob seu poder.

17 E firmará o propósito de vir com toda a força do seu reino, e entrará em acordo com ele, e lhe dará a filha de mulheres, para ele a corromper; ela, porém, não subsistirá, nem será para ele.

18 Depois disso virará o seu rosto para as ilhas, e tomará muitas; mas um príncipe fará cessar o seu opróbrio contra ele, e ainda fará recair sobre ele o seu opróbrio.

19 Virará então o seu rosto para as fortalezas da sua própria terra, mas tropeçará, e cairá, e não será achado.

20 Então no seu lugar se levantará quem fará passar um exator de tributo pela glória do reino; mas dentro de poucos dias será quebrantado, e isto sem ira e sem batalha.

21 Depois se levantará em seu lugar um homem vil, ao qual não tinham dado a majestade real; mas ele virá caladamente, e tomará o reino com lisonja.

22 E as forças inundantes serão varridas de diante dele, e serão quebrantadas, como também o príncipe do pacto.

23 E, depois de feita com ele a aliança, usará de engano; e subirá, e se tornará forte com pouca gente.

24 Virá também em tempo de segurança sobre os lugares mais férteis da província; e fará o que nunca fizeram seus pais, nem os pais de seus pais; espalhará entre eles a presa, os despojos e os bens; e maquinará os seus projetos contra as fortalezas, mas por certo tempo.

25 E suscitará a sua força e a sua coragem contra o rei do sul com um grande exército; e o rei do sul sairá à guerra com um grande e mui poderoso exército, mas não subsistirá, pois maquinarão projetos contra ele.

26 E os que comerem os seus manjares o quebrantarão; e o exército dele será varrido por uma inundação, e cairão muitos traspassados.

27 Também estes dois reis terão o coração atento para fazerem o mal, e assentados à mesma mesa falarão a mentira; esta, porém, não prosperará, porque ainda virá o fim no tempo determinado.

28 Então tornará para a sua terra com muitos bens; e o seu coração será contra o santo pacto; e fará o que lhe aprouver, e tornará para a sua terra.

29 No tempo determinado voltará, e entrará no sul; mas não sucederá desta vez como na primeira.

30 Porque virão contra ele navios de Quitim, que lhe causarão tristeza; por isso voltará, e se indignará contra o santo pacto, e fará como lhe aprouver. Voltará e atenderá aos que tiverem abandonado o santo pacto.

31 E estarão ao lado dele forças que profanarão o santuário, isto é, a fortaleza, e tirarão o holocausto contínuo, estabelecendo a abominação desoladora.

32 Ainda aos violadores do pacto ele perverterá com lisonjas; mas o povo que conhece ao seu Deus se tornará forte, e fará proezas.

33 Os entendidos entre o povo ensinarão a muitos; todavia por muitos dias cairão pela espada e pelo fogo, pelo cativeiro e pelo despojo.

34 Mas, caindo eles, serão ajudados com pequeno socorro; muitos, porém, se ajuntarão a eles com lisonjas.

35 Alguns dos entendidos cairão para serem acrisolados, purificados e embranquecidos, até o fim do tempo; pois isso ainda será para o tempo determinado.

36 e o rei fará conforme lhe aprouver; exaltar-se-á, e se engrandecerá sobre todo deus, e contra o Deus dos deuses falará coisas espantosas; e será próspero, até que se cumpra a indignação: pois aquilo que está determinado será feito.

37 E não terá respeito aos deuses de seus pais, nem ao amado das mulheres, nem a qualquer outro deus; pois sobre tudo se engrandecerá.

38 Mas em seu lugar honrará ao deus das fortalezas; e a um deus a quem seus pais não conheceram, ele o honrará com ouro e com prata, com pedras preciosas e com coisas agradáveis.

39 E haver-se-á com os castelos fortes com o auxílio dum deus estranho; aos que o reconhecerem, multiplicará a glória; e os fará reinar sobre muitos, e lhes repartirá a terra por preço.

40 Ora, no fim do tempo, o rei do sul lutará com ele; e o rei do norte virá como turbilhão contra ele, com carros e cavaleiros, e com muitos navios; e entrará nos países, e os inundará, e passará para adiante.

41 Entrará na terra gloriosa, e dezenas de milhares cairão; mas da sua mão escaparão estes: Edom e Moabe, e as primícias dos filhos de Amom.

42 E estenderá a sua mão contra os paises; e a terra do Egito não escapará.

43 Apoderar-se-á dos tesouros de ouro e de prata, e de todas as coisas preciosas do Egito; os líbios e os etíopes o seguirão.

44 Mas os rumores do oriente e do norte o espantarão; e ele sairá com grande furor, para destruir e extirpar a muitos.

45 E armará as tendas do seu palácio entre o mar grande e o glorioso monte santo; contudo virá ao seu fim, e não haverá quem o socorra.

   

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Apocalipse Revelado #500

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500. A BESTA, SUBINDO DO ABISMO, FARÁ GUERRA CONTRA ELES E OS VENCERÁ E OS MATARA significa que os que estão nos internos da doutrina sobre a fé só se oporão e combaterão esses dois essenciais da Nova Igreja e os rejeitarão neles e, tanto quanto puderem, nos outros. Pela “besta subindo do abismo” se entendem os que subiram do abismo e foram vistos como gafanhotos (capítulo

9:1-12), os quais eram os que estão nos internos da doutrina sobre a fé só, como se vê na explicação que se deu. Por “fazer a guerra” é significado opor-se e combater esses dois essenciais da Igreja, como se vai mostrar. Por “vencê-los e matá-los” é significado rejeitá-los e extirpá-los de si e, tanto quanto possível, dos outros.

[2] A razão pela qual aqueles que estão nos internos da doutrina pela fé só combatem e rejeitam esses dois essenciais é que eles confirmaram em si duas coisas completamente opostas a esses essenciais: a PRIMEIRA, que é preciso dirigir-se somente ao Pai e não ao Senhor, e a SEGUNDA, que a vida segundo os preceitos do Decálogo não é a vida espiritual, mas é somente uma vida moral e civil. E eles confirmam isso, a fim de que se creia que se est á salvo não pelas obras, mas pela fé só.

Todos aqueles que, nas escolas e nos ginásios, têm esses dogmas profundamente impressos em suas mentes, nunca mais se desviam deles depois. Há para isso três causas até agora desconhecidas. A PRIMEIR CAUSA: É que eles, quanto à seu espírito, se associaram com seus semelhantes no mundo espiritual, onde a maior parte é constituída por satanases que se aprazem nas falsidades; eles não podem, de modo algum, desvencilhar-se dessas falsidades, exceto se as rejeitarem, o que não é possível, a menos que eles se dirijam imediatamente ao Deus Salvador e comecem a vida cristã segundo os preceitos do Decálogo.

[3] A SEGUNDA CAUSA: É que eles creem que a remissão dos pecados, e por conseguinte a salvação, é dada em um momento no ato da fé e, por conseguinte, no estado ou na progressão por intermédio do mesmo ato continuado, conservado e retido pelo Espírito Santo, separadamente dos exercícios da caridade; e os que uma vez se imbuíram desses dogmas consideram depois como nada os pecados perante Deus e vivem assim em suas impurezas. E como sabem confirmar com sutileza esses dogmas nos ignorantes por falsificações da Palavra, e nos eruditos por sofismas, aqui se diz que “a besta que sobe do abismo vencerá e matará essas duas testemunhas"; mas isso só

se efetua nos que se aprazem em viver à vontade e são arrastados pelos prazeres de suas concupiscências; estes, quando pensam na salvação, lhe são favoráveis de todo o coração e abraçam com duas mãos sua fé, porque assim eles podem ser salvos por algumas palavras pronunciadas em tom de confiança, e não têm necessidade, em coisa alguma, de prestar atenção à sua vida por causa de Deus, mas somente por causa do mundo.

[4] A TERCEIRA CAUSA: É que aqueles que, em sua mocidade, receberam os internos dessa fé, que são chamados arcanos da justificação, quando chamados depois a um ministério honroso, não pensam consigo mesmo em Deus nem no céu, mas pensam apenas em si próprios e no mundo, retendo somente os arcanos da sua fé para sua reputação, a fim de serem honrados como homens sábios, de serem reputados dignos por sua sabedoria, e de serem recompensados com riquezas. Esse é o efeito de sua fé, na qual não há religião alguma.

Que isso aconteça assim, vê-se no terceiro MEMORÁVEL do n. 484.

[5] Que pelas “guerras”, na Palavra, sejam significadas guerras espirituais, que são ataques contra a verdade e se fazem por intermédio de raciocínios derivados das falsidades, vê-se pelas seguintes passagens:

“Espíritos de demónios saem para congregá los para a guerra no grande dia do Deus Onipotente” (Apocalipse 16:14). “Irritou-se o dragão contra a mulher e partiu para fazer guerra aos restos de sua semente, que temiam os mandamentos de Deus e tinham o testemunho de Jesus Cristo” (Apocalipse 12:17).

“Foi permitido à besta do dragão fazer a guerra com os santos” (Apocalipse 13:7),

“Santificai a guerra contra a filha de Sião e subamos ao meio-dia” (Jeremias 6:4).

“Não subiste às brechas, a fim de estar na guerra no dia de Jehovah” (Ezequiel 13:5).

“Em Salém está o habitáculo de Deus e em Sião a habitação, onde quebrou os dardos ígneos do arco, e a guerra” [Salmo 76:2, 3).

“Jehovah como um herói sairá, como um homem de guerras despertará o zelo” (Isaías 42:13; Salmo 24:8).

“Nesse dia estará Jehovah em espírito de juízo, para quem est á sentado em juízo, para os que repelem a guerra na porta” (Isaías 28:5, 6).

“Livra-me do homem mau e do varão de violências preserva-me; todo o dia eles se reúnem para a guerra; afiam sua língua como serpentes” (Salmo 140:1-3).

“Muitos virão em Meu nome dizendo: Eu sou o Cristo, e seduzirão muitos, e ouvireis falar de guerras e de rumores de guerras;

acautelai-vos para não serdes perturbados” (Mateus 24:5, 6; Marcos 13:6, 7; Lucas 21:8, 9).

As guerras dos reis do setentrião e do sul, e outras guerras (Daniel, capítulos 10, 11, 12) significam somente guerras espirituais, assim também em outros lugares, como Isaías 2:3-5Isaías 13:4, Isaías 21:14, 15Isaías 31:4Jeremias 49:25, 26Oséias 2:18Zacarias 10:5, Zacarias 14:3, Salmo 27:3 e Salmo 46:8, 9.

[6] Porque, na Palavra, “as guerras” significam guerras espirituais, o ministério dos Levitas era chamado “milícia”, como se vê pelas seguintes passagens:

“Mandou-se contar os levitas para que exercessem a milícia e fizessem obra na tenda da congregação” (Números 4:23, 35, 39, 43, 47).

“Este é o ofício dos levitas: fazerem a milícia no ministério da tenda da congregação, mas o filho da Idade de cinquenta anos se retirará do serviço da milícia, não servirá mais” (Números 8:24, 25).

Veja-se também o n. 447, acima, onde é confirmado pela Palavra que “os exércitos” significam os bens e as verdades da Igreja e, no sentido oposto, seus males e falsidades.

  
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Tradução de J. Lopes Figueiredo. EDITORA E LIVRARIA SWEDENBORG LTDA. Rua das Graças, 45 — Bairro de Fátima Rio de Janeiro — Brasil CEP 20240 1987

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Apocalipse Revelado #484

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484. MEMORÁVEIS

Ao que precede, acrescentarei três MEMORÁVEIS sobre ocorrências no mundo espiritual.

PRIMEIRO MEMORÁVEL. Um dia, ouvi um ruído como o que faz a pedra de um moinho; isso ocorreu na plaga setentrional. A princípio, admirei-me sobre o que podia ser, mas depois lembrei-me de que, na Palavra, por “pedra de moinho” e por “moer” se entende investigar, retirando da Palavra aquilo que serve à doutrina (n. 794).

Caminhei, pois, em direção ao lugar de onde tal ruído se fazia ouvir e, quando estava perto, ele cessou; então vi na terra uma espécie de cavidade na qual entrei e eis uma câmara em que vi um homem idoso, sentado no meio de livros, tendo diante dele a Palavra, na qual buscava o que podia servir para a sua doutrina. Em torno dele havia folhas de papel, nas quais escrevia as passagens que lhe deviam servir. Em um quarto adjacente, havia secretários que recolhiam essas folhas de papel e transcreviam em um volume o que tinha sido escrito. Primeiramente, interroguei-o sobre os livros que estavam em torno dele. Disse que todos eles tratavam da “fé justificante”, aqueles que vieram da Suécia e da Dinamarca profundamente, aqueles que vieram da Alemanha mais profundamente e aqueles que vieram da Inglaterra ainda mais profundamente, enquanto que os da Holanda eram de todos eles os que tratavam com maior profundidade. Acrescentou que eles diferiam em diversos pontos, mas que todos estavam de acordo no artigo concernente à justificação e à salvação pela fé só. Depois, disse-me que ele agora recolhia da Palavra esse ponto principal da fé justificante: que Deus Pai tinha posto de lado a graça para com o gênero humano por causa de suas iniquidades, e que para a salvação dos homens era, portanto, uma necessidade Divina que a satisfação, a reconciliação, a propiciação e a mediação fossem feitas por alguém que tomasse sobre si a condenação (danação) da justiça e que isso só podia ter sido feito pelo Seu Filho Único; e que, depois de ter sido feito isso, houve acesso ao Pai, por amor do Filho. E ele disse: “Vejo e vi que isto está de acordo com toda a razão. Como teria podido Deus Pai aproximar-se de outro modo senão pela fé no mérito do Filho? E agora se me afigura que isso é também conforme a Escritura.”

[2] Eu escutava e muito me admirava de ouvi-lo dizer que isso estava de acordo com a razão e com a Escritura, quando a verdade é que isso é contra a razão e contra a Escritura, o que eu lhe disse abertamente. Então, no ardor de seu zelo, ele respondeu: “Como podes falar assim?”

Eu lhe manifestei todo o meu pensamento, dizendo: “Não é contra a razão pensar que Deus Pai se desviou da graça para com o gênero humano e que o reprovou? Não é a graça Divina um atributo da Essência Divina? Desviar-se da graça seria, pois, desviar-se de Sua Essência Divina, seria não ser mais Deus. Porventura pode Deus separar-Se de Si Mesmo? Crede-me, a graça da parte de Deus do mesmo modo que é infinita é também eterna; da parte do homem a graça de Deus pode ser perdida, se o homem não recebê-la, mas nunca da parte de Deus. Se a graça se retirasse de Deus, o céu inteiro se acabaria e também todo o gênero humano, de modo tal que o homem não seria mais homem sob qualquer aspecto. Da parte de Deus a graça, pois, permanece eternamente, não somente para com os anjos e os homens, mas também para com o próprio diabo. Senão isto de acordo com a razão, por que dizes que não há outro acesso junto a Deus Pai a não ser pela fé no mérito do Filho, quando a verdade é que há acesso perpétuo pela graça?

[3] Mas por que dizes acesso junto de Deus Pai por consideração do Filho e por que não dizes junto de Deus Pai pelo Filho? Não é o Filho Mediador e Salvador? Por que não te diriges ao Mediador e ao Salvador Mesmo? Não é Ele Deus e Homem? Quem, na terra, se dirige imediatamente a algum imperador, rei ou príncipe? Não é a um procurador ou a um introdutor que se deve dirigir? Não sabes que o Senhor veio a este mundo para ser Ele Próprio o introdutor junto ao Pai e que somente há acesso por Ele? Procura, agora, na Escritura e verás que isso está de acordo com ela e que o teu caminho para o Pai

éoposto ao da Escritura, como é oposto à razão. Digo-te, ainda, que

épresunção subir para Deus Pai e não chegar a Ele por meio d’Aquele que está no seio do Pai e é o Único no Pai. Não leste João 14:6?” Tendo ouvido essas palavras, o ancião ficou tão cheio de furor, que saltou por cima de seu assento e gritou aos seus secretários para que me pusessem para fora. Ao sair, no mesmo instante, por minha livre vontade, ele lançou, por trás de mim e através da porta, o livro que tomara ao acaso e esse livro era a Palavra.

[4] SEGUNDO MEMORÁVEL. Após ter saído, ouvi, outra vez, um ruído, este semelhante ao atrito de duas pedras de moinho, uma contra a outra. Caminhei em direção a esse ruído e ele cessou. Vi uma porta estreita, levando obliquamente para baixo em direção a uma espécie de casa abobadada, dividida em celas pequenas, em cada uma das quais estavam sentados dois espíritos, que recolhiam na Palavra passagens confirmativas em favor da fé; um recolhia e o outro escrevia e isso alternadamente. Aproximei-me de uma cela, fiquei à porta e perguntei o que eles recolhiam e escreviam. Disseram:

“Passagens sobre o “Ato da Justificação” ou sobre a “Fé em Ato”, que

éa fé mesmo justificando, vivificando e salvando e (que é) a cabeça da doutrina na Cristandade.” Então eu disse a um deles: “Conta-me algum sinal desse “Ato”, quando essa fé é introduzida no coração e na alma do homem.” Ele respondeu: “O sinal desse Ato existe no momento em que o homem penetrado da dor de ser danado pensa que o Cristo retirou a danação da Lei, e toma esse mérito do Cristo com confiança, dirigindo-se com isso no pensamento a Deus Pai e suplicando-Lhe.”

[5] Então, eu disse: “É pois, assim que se faz o Ato e é esse o momento então?” E acrescentei: “Como compreenderei o que se diz desse Ato, quando nada do homem concorre para isso, como também nada concorreria para isso se ele fosse um pedaço de pau ou uma pedra; e quando o homem, quanto a esse Ato, não pode começar coisa alguma nem querer, nem compreender, nem pensar, nem operar, nem cooperar, nem se aplicar, nem se adaptar? Diga-me como isso se coaduna com o que disseste que o Ato se realiza quando o homem pensa no direito da Lei, na sua danação tendo sido removida pelo Cristo, na confiança com a qual ele toma esse mérito do Cristo e como se dirige, pensando nisso, a Deus Pai e suplica? Todas essas coisas não são feitas pelo homem como por si próprio."

Ele replicou: “Elas não são feitas ativamente pelo homem, mas passivamente.”

[6] Eu respondi: “Como pode alguém pensar, ter confiança e orar passivamente? Tira do homem o que é ativo ou reativo. Não lhe tiras também o que é receptivo e, por conseguinte tudo e com tudo o próprio Ato? Que vem a ser então teu Ato senão alguma coisa de puramente ideal, que se chama “ente de razão?” Sei que tu não crês, com alguns, que um tal Ato só se efetua com os predestinados, que nada sabem da infusão da fé neles; esses podem lançar os dados e procurar, por esse modo, se a fé foi infusa neles. Crê, pois, meu amigo, que o homem, nas coisas da fé, opera e coopera como por si próprio e que, sem essa cooperação, o Ato da fé, que chamaste de cabeça da doutrina da religião, é meramente a estátua (de sal), a mulher de Lot, não produzindo outro sem exceto o do sal, tocado pela pena do escritor ou pela unha de seu dedo (Lucas 7:32). Disse-te isso porque todos vos tornais, quanto a esse Ato, semelhantes a estátuas.”

Quando pronunciei tais palavras, ele se levantou e apanhou bruscamente o castiçal, para atirá-lo à minha face, mas, apagando-se de repente a vela e ficando tudo às escuras, ele o lançou à testa de seu companheiro, e eu me retirei rindo.

[7] TERCEIRO MEMORÁVEL. Na plaga setentrional do mundo espiritual, ouvi um ruído como se fosse produzido pelas águas.

Dirigi-me para o sítio e, quando estava perto, cessou o ruído, e ouvi sons como de uma assembléia. Então vi uma casa toda esburacada, cercada por um muro, da qual saíam tais sons.

Aproximei-me e havia lá um porteiro a quem perguntei: “Que gente está aí?” Ele me disse que “eram os sábios dos sábios que discutiam entre si sobre assuntos sobrenaturais.” Ele falava dessa maneira devido à simplicidade de sua fé. Eu perguntei: “É permitido entrar?” Ele respondeu: “É permitido, contanto que não fales de modo algum, pois tenho permissão de admitir os gentios que estão comigo à entrada.”

Entrei, então, e eis que havia uma arena circular em cujo centro havia um púlpito, e a assembléia dos assim chamados sábios dissertava sobre os arcanos da fé, e então o assunto ou a proposição submetida à discussão era esta: “O bem que o homem faz no estado de justificação pela fé, ou na progressão da fé depois do Ato, é um bem da religião ou não?” Eles disseram unanimemente que pelo bem da religião se entende um bem que contribui para a salvação.

[8] A discussão foi viva, mas prevaleceram aqueles que sustentavam que os bens que o homem faz no estado ou progressão da fé são unicamente bens morais, civis e políticos, que em nada contribuem para a salvação, para a qual contribui somente a fé, e confirmaram isso assim: “Como pode qualquer obra do homem ser unida

à graça? A salvação não se faz gratuitamente? Como pode qualquer bem unido ao homem ser unido ao mérito do Cristo? Não há somente salvação por esse mérito? E como pode a operação do homem aliar-se com a operação do Espírito Santo? Este não efetua todas as coisas sem a ajuda do homem? Não estão estes três únicos salvíficos no “Ato” de fé? Não ficam esses três únicos salvíficos no “estado ou progressão” da fé? Em consequência, o bem acessório proveniente do homem não pode de forma alguma chamar-se bem de religião, o qual, como se disse, contribui para a salvação; mas, se alguém o faz para a salvação, ele deve antes ser chamado mal de religião.”

[9] Havia perto do porteiro, no vestíbulo, dois pagãos, que ouviram tais raciocínios, e um deles disse ao outro: “Eles não têm religião alguma. Quem não vê que fazer bem ao próximo por Deus, assim com Deus e segundo Deus, é o que se chama religião?” E o outro disse: “A sua fé os tornou loucos.” E então eles perguntaram ao porteiro: “Quem são estes?” E o porteiro disse: “São sábios cristãos.” Retrucaram eles: “Estás gracejando; queres enganar-nos.

Pela maneira como falam são atores.” Eu me retirei. E quando, algum tempo depois, olhei para o lugar onde estava a casa, eis queers um brejo.

* * *

[10] Vi e ouvi tais coisas em plena vigília de meu corpo e ao mesmo tempo de meu espírito, porque o Senhor uniu de tal modo o meu espírito ao meu corpo, que estou em um e no outro ao mesmo tempo.

Que fui a tais casas, que vi como se deliberou sobre tais assuntos e que isso se passou como foi descrito, tudo ocorreu pelo auspício Divino do Senhor.

  
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Tradução de J. Lopes Figueiredo. EDITORA E LIVRARIA SWEDENBORG LTDA. Rua das Graças, 45 — Bairro de Fátima Rio de Janeiro — Brasil CEP 20240 1987