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Mateus 6:1

Studie

       

1 Guardai-vos de fazer as vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles; de outra sorte não tereis recompensa junto de vosso Pai, que está nos céus.

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Divina Providência # 233

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233. Portanto, para que este arcano da Divina Providência seja desvendado de maneira que o homem racional possa vê-lo em sua luz, as proposições que acabam de ser apresentadas serão explicadas uma a uma. Primeiro: Que nos interiores do homem o mal não possa estar ao mesmo tempo que o bem, nem, por consequência, o falso do mal ao mesmo tempo que o vero do bem. Pelos interiores do homem se entende o interno do seu pensamento, do qual o homem não sabe coisa alguma antes de vir ao mundo espiritual e à sua luz, o que acontece após a morte. No mundo natural isso pode ser conhecido somente pelo prazer de seu amor no externo de seu pensamento e pelos males mesmos, quando os examina em si, pois como foi mostrado acima, no homem o interno do pensamento está ligado em uma tal coerência com o externo do pensamento que não podem ser separados. Mas já se falou muito disso. Diz-se o bem e o vero do bem, e o mal e o falso do mal, porquanto não pode haver bem sem seu vero, nem mal sem seu falso; são, com efeito, consortes de leito ou cônjuges, pois a vida do bem existe de seu vero e a vida do vero por seu bem. Dá-se de modo semelhante com o mal e seu falso.

[2] Que nos interiores do homem não possa haver o mal com seu falso ao mesmo tempo que o bem com seu vero é o que pode ser visto sem explicação pelo homem racional, pois o mal é oposto ao bem e o bem é oposto ao mal, e dois opostos não podem estar juntos. Também, em todo mal acha-se inserido um ódio contra o bem, e em todo bem acha-se inserido um amor de se defender do mal e de afastá-lo de si. Daí se segue que um não pode estar junto com o outro; se estivessem juntos, surgiria a princípio um conflito e um combate, e depois uma destruição. É o que também o Senhor ensina nestas palavras:

"Todo reino dividido contra si mesmo é devastado, e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não subsiste. ... Todo aquele que não está comigo é contra Mim, e todo aquele que comigo não ajunta, espalha" (Mateus 12:25, 30).

E em outro lugar:

"Ninguém pode servir a dois senhores ao mesmo tempo, pois, ou odiará a um e ao outro amará, ou se apegará a um e ao outro desprezará" (Mateus 6:24).

Dois opostos não podem existir juntos em uma mesma substância ou forma sem que ela seja dissipada e pereça. Se um avançasse e se aproximasse do outro, eles se separariam inteiramente como dois inimigos, dos quais um se retiraria para seu acampamento ou para dentro de suas muralhas, e o outro se manteria de fora. Assim se faz com os males e bens no hipócrita; ele está em uns e outros, mas o mal está dentro e o bem está fora, e assim os dois são separados e não se misturam. Por aí é evidente que o mal com seu falso e o bem com seu vero não podem estar juntos.

[3] Segundo: O bem e o vero do bem não podem ser introduzidos pelo Senhor nos interiores do homem a não ser na medida que o mal e o falso do mal são daí afastados. Isto é a consequência mesma do que precede, pois como o mal e o bem não podem estar juntos, o bem não pode ser introduzido antes que o mal tenha sido afastado. Diz-se nos interiores do homem, pelos quais se entende o interno do pensamento. Trata-se desses interiores, nos quais deve estar o Senhor ou o diabo; o Senhor está aí após a reforma, e o diabo está aí antes da reforma. Portanto, tanto quanto o homem se deixa reformar, o diabo é expulso, mas tanto quanto não se deixa reformar, o diabo permanece. Quem não pode ver que o Senhor não pode entrar enquanto o diabo ali está? E ali está enquanto o homem manter fechada a porta, na qual o homem está ao mesmo tempo com o Senhor. Que o Senhor entre quando a porta é aberta pelo homem é o que o Senhor ensina no Apocalipse:

"Estou à porta, e bato; se alguém ouvir a Minha voz e abrir a porta, entrarei nele, e cearei com ele, e ele comigo" Revelação 3:20).

A porta é aberta pelo fato de o homem afastar o mal, fugindo dele e tendo aversão a ele como infernal e diabólico, pois quer se diga o mal ou o diabo, é a mesma coisa; e, vice-versa, quer se diga o bem ou o Senhor, é a mesma coisa, porque em todo bem há interiormente o Senhor, e em todo mal há interiormente o diabo. Por aí se vê a verdade deste ponto.

[4] Terceiro: Se o bem com seu vero fossem introduzidos antes, ou mais do que o mal com seu falso fossem afastados, o homem se afastaria do bem e retornaria ao seu mal. A razão disso é que o mal prevaleceria, e o que prevalece é vencedor, senão no momento, ao menos depois. Enquanto o mal prevalece ainda, o bem não pode ser levado às partes íntimas, mas fica unicamente na entrada, pois que, como foi dito, o mal e o bem não podem estar juntos, e o que está unicamente no vestíbulo é repelido por seu inimigo, que está nas partes íntimas. Assim é que se faz a retirada do bem e o retorno ao mal, o que é o pior gênero de profanação.

[5] Além disso, o prazer mesmo da vida do homem é amar-se a si mesmo e ao mundo acima de todas as coisas. Esse prazer não pode ser afastado num só momento, mas gradativamente; e tanto quanto permanece nele esse prazer, o mal ali prevalece, e esse mal não pode ser afastado senão tanto quanto o amor de si se torna amor dos usos, ou tanto quanto o amor de dominar não seja por causa de si, mas por causa dos usos, pois assim os usos fazem a cabeça e o amor de si ou amor de dominar faz primeiro o corpo sob a cabeça e depois os pés sobre os quais caminha. Quem é que não vê que o bem deve fazer a cabeça, e que quando o bem faz a cabeça aí está o Senhor? O bem e os usos são uma só coisa. Quem é que não vê que se o mal faz a cabeça aí está o diabo? E como, todavia, deve-se receber o bem civil e o bem moral, e também, na forma externa, o bem espiritual, esse faz os pés e as solas dos pés e é pisoteado.

[6] Como, pois, o estado da vida do homem deve ser invertido, de sorte que o que está em cima esteja embaixo, e essa inversão não pode ocorrer num só momento, porque é o maior prazer da vida, o qual provém do amor de si e, assim, do domínio, que não pode ser diminuído e mudado em amor dos usos senão gradativamente, por isso o bem não pode ser introduzido pelo Senhor antes nem em maior proporção do que esse mal é afastado; se o fosse antes e em maior proporção, o homem se afastaria do bem e retornaria ao seu mal.

[7] Quarto: Quando o homem está no mal, muitos veros podem ser introduzidos em seu entendimento e serem encerrados na memória, sem, todavia, serem profanados. A razão disso é que o entendimento não influi na vontade, mas a vontade no entendimento. E como o entendimento não influi na vontade, muitos veros podem ser recebidos pelo entendimento e serem encerrados na memória sem, no entanto, se misturarem com o mal da vontade, pelo que as coisas santas não são profanadas. E também compete a cada um aprender os veros da Palavra ou das pregações, depositá-los na memória e pensar neles. Pois o entendimento, pelos veros que estão na memória e que dali vêm ao entendimento, deve instruir a vontade, isto é, deve ensinar ao homem o que ele deve fazer. Eis aí o principal meio de reforma. Quando os veros estão somente no entendimento e, daí, na memória, não estão no homem, mas fora dele.

[8] A memória do homem pode ser comparada ao ventrículo ruminatório de alguns animais, no qual depositam os alimentos; enquanto estes estão ali, não estão ainda em seu corpo, mas fora dele; porém, assim que os retiram de lá e os digerem, tornam-se parte de sua vida e nutrem o corpo. Na memória do homem, porém, não há alimentos materiais, mas espirituais, os quais se entendem pelos veros e são, em si, conhecimentos; quanto mais o homem, ao pensar, os retira dali, como se estivesse ruminando, mais a sua mente é nutrida espiritualmente. É o amor da vontade que deseja e, por assim dizer, apetece, e faz com que sejam hauridos e nutram. Se esse amor é mau, deseja e apetece coisas impuras; mas se é bom, deseja e apetece as coisas puras enquanto separa, corrige e rejeita as que não convêm, o que se faz por vários modos.

[9] Quinto: Mas o Senhor, por Sua Divina Providência, provê com o maior cuidado que eles não sejam recebidos pela vontade antes que o homem afaste, como por si mesmo, o mal do homem externo. Com efeito, o que procede da vontade entra no homem, é-lhe apropriado e se torna de sua vida; e na vida mesma, que vem ao homem pela vontade, não podem estar ao mesmo tempo o bem e o mal, pois assim ela pereceria, mas no entendimento podem existir um e outro, que são ali chamados falsos do mal ou veros do bem, entretanto não simultaneamente, de outro modo o homem não poderia pelo bem ver o mal e pelo mal reconhecer o bem, mas acham-se separados e distintos como uma casa é distinta em interiores e exteriores. Quando o homem mau pensa e pronuncia os bens, é o exterior que então pensa e fala; mas quando pensa e pronuncia os males, é o interior que então o faz. Quando, por isso, pronuncia os bens, sua linguagem é como se viesse da parede, podendo ser comparada a um fruto cuja casca é bela, mas cujo interior está comido por vermes e podre, e também à casca de ovo de um dragão.

[10] Sexto: Se fizesse isso antes e em maior proporção, então a vontade adulteraria o bem e o entendimento falsificaria o vero, misturando-os com os males e os falsos. Quando a vontade está no mal, ela então adultera o bem no entendimento, e o bem adulterado no entendimento é o mal na vontade, pois confirma que o mal é o bem e vice-versa. O mal faz isso com todo bem, que é o seu oposto. O mal também falsifica o vero, porque o vero do bem é oposto ao falso do mal. A vontade também faz isso no entendimento e não o entendimento por si mesmo. As adulterações do bem são descritas na Palavra pelos adultérios, e as falsificações pelas escortações ali. Essas adulterações e falsificações se fazem pelos raciocínios do homem natural que está no mal e também se fazem pelas confirmações das aparências do sentido da letra da Palavra.

[11] O amor de si, que é a cabeça de todos os amores maus, é preponderante aos outros amores na arte de adulterar os bens e falsificar os veros, e faz isso pelo abuso da racionalidade, que cada homem, tanto o mau quanto o bom, tem pelo Senhor. Pode mesmo fazer, por meio de confirmações, com que o mal apareça absolutamente como o bem e o falso como o vero. O que não pode fazer esse amor, quando pode por mil argumentos confirmar que a natureza criou-se a si mesma e depois criou os homens, animais e vegetais de todo gênero? E também que, pelo influxo provindo dos interiores, faz com que os homens vivam, pensem analiticamente e entendam com sabedoria? Se o amor de si é preponderante na arte de confirmar tudo o que quer é porque faz a sua última superfície ser uma espécie de esplendor de luz de várias cores. Esse esplendor é para esse amor a glória de saber e, assim, também de ser eminente e de dominar.

[12] Mas após esse amor ter confirmado essas coisas, então se torna cego, de sorte que não vê senão que o homem é um animal e que um e outro pensam de modo semelhante; e que, até, se o animal falasse, seria um homem sob uma outra forma. Se for levado por alguma persuasão a crer que alguma coisa do homem vive após a morte, então é tão cego que crê que isso também se passa com os animais, e que aquilo que vive após morte é somente uma sutil exalação da vida, como um vapor, que recai no seu cadáver, ou que é algo vital sem visão, audição ou linguagem, assim, cego, surdo e mudo, querendo e pensando; além de muitas insanidades que a natureza, que em si mesmo é morta, inspira às suas fantasias. Isto é o que faz o amor de si, que, considerado em si mesmo, é o amor do proprium; e o proprium do homem, quanto às afeições, que são todas naturais, não é diferente da vida de um animal, e quanto às percepções, por serem provenientes das afeições, não é diferente da coruja. Por isso, quem mergulha os pensamentos em seu proprium não pode ser elevado da luz natural à luz espiritual e ver alguma coisa de Deus, do céu e da vida eterna. Visto que esse amor é tal, e ainda assim prepondera na arte de confirmar tudo o que lhe agrada, por isso pode também, por uma arte semelhante, adulterar os bens da Palavra e falsificar os seus veros, quando por alguma necessidade tem de professá-los.

[13] Sétimo: Por isso, o Senhor não introduz interiormente o homem nos veros da sabedoria e nos bens do amor, senão tanto quanto o homem pode ser mantido neles até o fim da vida. O Senhor faz isso para que o homem não incida no gênero mais grave de profanação das coisas santas, de que se tratou neste artigo. Por causa desse perigo o Senhor também permite os males da vida e muitos heréticos do culto. Sobre essa permissão, vide os parágrafos seguintes.

VIII - As leis da permissão são também leis da

Divina Providência

  
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Divina Providência, por Emanuel Swedenborg. Publicado em latim em Amsterdã no ano de 1764. Do latim Sapientia Angelica de Divina Providentia. Tradução: Cristóvão Rabelo Nobre, Revisão: Jorge de Lima Medeiros