1016. "Derramai-vos na terra, e multiplicai-vos nela." Que isto signifique o aumento do bem e do vero no homem externo, que é a 'terra', e que 'derramar-se' se atribua aos bens e 'multiplicar-se', aos veros, vê-se pelo que foi mostrado há pouco e, também, pela significação de 'terra', que é o homem externo. A esse respeito vide o que foi dito e mostrado no versículo 1 deste capítulo, no 983.

[2] Que se diga 'derramar-se na terra' e, assim, 'multiplicar-se nela', é pelo seguinte motivo: no homem regenerado nada se multiplica no seu homem externo, isto é, nada de bem e de vero tem aumento senão por efeito da caridade. A caridade é como o calor na estação da primavera ou do verão, que faz como que a relva, a erva e as árvores cresçam. Sem a caridade ou o calor espiritual, nada cresce; por isso aqui se diz primeiramente 'derramai-vos na terra', o que se atribui aos bens que pertencem à caridade, pela qual se dá a multiplicação do bem e do vero. Qualquer um pode compreender como isto se passa: nada no homem cresce e se multiplica a menos que haja alguma afeição. O prazer da afeição faz como que não somente lance raiz, mas, também, cresça. Todas as coisas acontecem segundo a influência da afeição.

[3] O que o homem ama, isto ele de bom grado recebe, retém e guarda, por conseguinte, todas as coisas que favorecem alguma afeição; as que não favorecem, delas o homem não cuida, considera-as como nada e mesmo as rejeita. Mas, qual é a afeição, tal é a multiplicação. No regenerado há a afeição do bem e vero, procedente da caridade, dada pelo Senhor; por isso, tudo o que favorece a afeição da caridade, isto o homem recebe, retém e guarda, e assim se confirma nos bens e veros. Essas coisas são significadas por 'derramai-vos na terra e multiplicai-vos'.