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E se escaparem alguns sobreviventes, estarão sobre os montes, como pombas dos vales, todos gemendo, cada um por causa da sua iniqüidade.
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E se escaparem alguns sobreviventes, estarão sobre os montes, como pombas dos vales, todos gemendo, cada um por causa da sua iniqüidade.
35. Na Doutrina do Senhor 28 foi mostrado que os profetas do Velho Testamento representaram o Senhor quanto à Palavra e, desse modo, significaram a doutrina da igreja oriunda da Palavra e, por isso, foram chamados "Filhos do homem". Segue-se daí que, por várias coisas que passaram e suportaram, eles representaram a violência praticada pelos judeus contra o sentido da letra da Palavra. Como [foi ordenado]: Que o profeta Isaías despisse o pano de saco de sob os seus lombos, tirasse o calçado de seus pés e andasse nu e descalço por três anos (Isaías 20:2-3). Que o profeta Ezequiel passasse uma navalha de tosquiadores sobre a cabeça e sobre a barba, e terça parte [dos cabelos] queimasse no meio da cidade, terça parte ferisse com a espada e terça parte dispersasse ao vento, e um pouco deles atasse à veste e, finalmente, o lançasse no meio do fogo e queimasse (Ezequiel 5:1-4).
[2] Visto que os profetas representaram a Palavra e, assim, significaram a doutrina da igreja oriunda da Palavra, como se disse acima, e visto que pela "cabeça" é significada a sabedoria proveniente da Palavra, por isso, pelos "cabelos da cabeça" e pela "barba" era significado o último do vero. Como isso era significado pelos cabelos e pela barba, por isso era um símbolo de grande desgosto e também de grande vergonha causar a própria calvície como também mostrar-se calvo. Era por causa disso e não outra coisa que ao profeta [foi ordenado] raspar os cabelos de sua cabeça e a barba para que, com isso, representasse o estado da Igreja Judaica quanto à Palavra. Por causa disso, e não outra coisa, que quarenta e dois meninos que chamavam Eliseu de calvo foram despedaçados por duas ursas (2 Reis 2:23-24), pois o profeta representava a Palavra, como se disse anteriormente, e "calvo" significava a Palavra sem o seu sentido último. No capítulo seguinte (49) ver-se-á que os nazireus representaram o Senhor quanto à Palavra em seus últimos. Por isso era um estatuto para eles que fizessem crescer a cabeleira e nada dela cortassem. Também, na língua hebraica "nazireu" significa cabeleira. Também era um estatuto para o sumo sacerdote que não raspasse a cabeça (Levítico 21:10), do mesmo modo os pais de família (Levítico 21:5). Por isso a calvície lhes era grande vergonha, como se por ver por essas passagens: "Nas cabeças de todos, a calvície, e a barba de todos raspada" (Isaías 15:2; Jeremias 48:37). "Sobre todas as faces, a vergonha, e em todas as cabeças... calvícies" (Ezequiel 7:18). "Toda a cabeça, calva, e todo ombro pelado" (Ezequiel 29:18). "Farei subir sobre todo lombo o pano de saco, e sobre toda cabeça a calvície" (Amós 8:10). "Faze-te calva, e tosquia-te, por causa dos filhos de tuas delícias; e alarga a calvície... porque partiram de ti" (Miquéias 1:16). Aqui, por "fazer-te calva e alargar [a calvície]" é significado falsificar os veros da Palavra em seus últimos. Sendo esses falsificados, como foi feito pelos judeus, toda a Palavra está destruída, porquanto os últimos da Palavra são seus esteios e sustentáculos; e mais, cada vocábulo é um esteio e um sustentáculo de suas verdades celestes e espirituais. Visto que os cabelos da cabeça significam o vero nos últimos, por isso, no mundo espiritual, todos os que desprezam a Palavra e falsificam o seu sentido da letra se mostram calvos, enquanto os que a honram e amam se mostram com decentes cabelos. Sobre isso, veja-se também abaixo (49).
49. Mostrou-se até aqui que a Palavra no sentido natural, que é o sentido da letra, está em sua santidade e em sua plenitude. Agora se dirá alguma coisa a respeito de a Palavra nesse sentido estar em seu poder. Quão grande e qual é o poder do Divino Vero nos céus e também nas terras, pode-se ver pelo que foi dito na obra O Céu e o Inferno, sobre o poder dos anjos do céu (O Céu e o Inferno 228-233). O poder do Divino Vero é principalmente contra os falsos e males, assim, contra os infernos. Contra eles deve-se combater por meio dos veros do sentido da letra da Palavra. Também é pelos veros que estão no homem que o Senhor tem poder de salvá-lo, pois o homem é reformado e regenerado pelos veros do sentido da letra da Palavra e, desse modo, tirado do inferno e introduzido no céu. Esse poder o Senhor assumiu também quanto ao Seu Divino Humano, depois de cumprir todas as coisas da Palavra, até os seus últimos.
[2] Por isso o Senhor disse ao principal dos sacerdotes, quando estava para cumprir o que restava, pela paixão da cruz: "De agora em diante vereis o Filho do homem assentado à direita do poder, vindo nas nuvens do céu" (Mateus 26:64; Marcos 14:62); "Filho do homem" é o Senhor quanto à Palavra; "nuvens do céu" é a Palavra no sentido da letra; "sentar à direita de Deus" é a Onipotência por meio da Palavra (como também em Marcos 16:19). O poder do Senhor pelos últimos do vero foi representado na Igreja Judaica pelos nazireus, como por Sansão, de quem se disse que era nazireu desde o ventre da mãe e que seu poder residia em seus cabelos. O nazireu e o nazireado significam o cabelo.
[3] Que seu poder residisse nos cabelos, ele o manifestou, dizendo: "A navalha não subiu sobre minha cabeça, porque nazireu... sou desde o ventre de minha mãe; se raspar, então se retirará a minha força, e ficarei fraco, e serei como qualquer homem" (Juízes 16:7). Ninguém pode saber por que foi instituído o nazireado, por quem é significado o cabelo, nem de onde havia a força de Sansão nos cabelos, a menos que saiba o que é significado na Palavra pela "cabeça". Pela "cabeça" é significada a sabedoria celeste que existe para os anjos e para os homens desde o Senhor por meio do Divino Vero. Assim, pelos "cabelos da cabeça" é significada a sabedoria celeste nos últimos e também o Divino Vero nos últimos.
[4] Como isso é significado pelos cabelos por causa da correspondência com os céus, por isso o estatuto para os nazireus era: Que não raspassem o cabelo de sua cabeça, porque esse é o nazireado de Deus sobre as suas cabeças (Números 6:1-21); E foi, também, instituído: Que o sumo sacerdote e os seus filhos não raspassem sua cabeça, para que não morressem e houvesse indignação sobre toda a casa de Israel (Levítico 10:6).
[5] Visto que os cabelos eram tão santos por causa dessa significação, a qual procede da correspondência, por isso o Filho do homem, que é o Senhor quanto à Palavra, é também descrito quanto aos cabelos, que eram como a branca lã, como a neve (Revelação 1:14), do mesmo modo que o Ancião dos dias (Daniel 7:9). Sobre este assunto, veja-se também alguma coisa acima (35). Em suma, que o poder do Divino Vero ou da Palavra esteja no sentido da letra é porque a Palavra aí está em sua plenitude e porque nela estão os anjos de ambos os reinos do Senhor e homens juntamente.