111. (iii.) Que o interno não possa ser purificado das concupiscências do mal enquanto os males no homem externo não forem afastados, porque esses obstruem, segue-se do que se disse acima, a saber, que o externo do pensamento do homem é em si tal qual é o interno de seu pensamento. E esses são coerentes como algo que não só está dentro do outro, mas também vem do outro. Por isso um não pode ser separado a menos que o outro o seja ao mesmo tempo. Assim é com todo externo que vem do interno, e com todo posterior que vem do anterior, e com todo efeito que vem da causa.
[2] Ora, visto que as concupiscências unidas às astúcias fazem o interno do pensamento nos maus, e os prazeres das concupiscências unidos às maquinações fazem neles o externo do pensamento, e estas coisas são conjuntas àquelas, segue-se que o interno não pode ser purificado das concupiscências enquanto os males não forem afastados no homem externo. Cumpre saber que é a vontade interna do homem que está nas concupiscências, e que é o seu entendimento interno que está nas astúcias, enquanto a vontade externa está nos prazeres das concupiscências e o entendimento externo está nas maquinações das astúcias. Qualquer um pode ver que as concupiscências e os seus prazeres fazem um, tanto quanto fazem um as astúcias e as maquinações, e esses quatro estão em uma única série e fazem juntos como um só feixe. Por aí se vê, novamente, que o interno, que consiste de concupiscências, não pode ser rejeitado a não ser pela remoção dos externos, que consiste de males. As concupiscências, por seus prazeres, produzem males, mas quando os males são considerados como lícitos, o que acontece por um consentimento entre a vontade e o pensamento, então os prazeres e os males fazem um só. Sabe-se que o consentimento é o fato. É isto também o que o Senhor disse:
"Se alguém olhar para a mulher de outro a ponto de cobiçá-la, já em seu coração cometeu adultério com ela" (Mateus 5:28).
Ocorre semelhantemente com os outros males.