1838. Que ‘um torpor caiu sobre Abrão’ signifique que a igreja então estava nas trevas, é o que se vê pela significação de ‘torpor’. O ‘torpor’ é um estado tenebroso em relação à vigília, esse estado se diz aqui do Senhor, que é representado por Abrão; não que tenha havido jamais torpor ou estado tenebroso no Senhor, mas esse estado se acha na igreja. Dá-se com isso como o que se passa na outra vida, onde o Senhor é sempre o Sol e a Luz mesma, mas onde diante dos maus, Ele aparece como trevas, pois o Senhor aparece conforme o estado de cada um. Assim, trata-se aqui da igreja quando ela se acha no estado tenebroso.

[2] Seja também para exemplo a devastação, a punição e a danação, que na Palavra, são muitas vezes atribuídas ao Senhor, quando é, entretanto, o homem da igreja que se devasta a si mesmo, se pune e se condena. Aos olhos do homem parece que é o Senhor que devasta, pune e dana; é porque assim lhe parece, e isso é expresso desse modo conforme as aparências, porque, se o homem não fosse instruído conforme as aparências, ele nunca se deixaria instruir, pois o que é contrário à aparência, isto ele não crê e nem compreende, salvo muito tarde, quando tem o juízo, quando lhe foi concedida a fé da caridade. A mesma coisa sucede na igreja quando ela está nas trevas, então o Senhor, diante daqueles que compõem a igreja, é obscurecido a tal ponto, que não aparece, isto é, que Ele não é reconhecido, ainda que de modo algum o Senhor esteja obscurecido, mas sim o homem no qual e com quem deveria estar o Senhor; a obscuridade é, ainda assim, atribuída ao Senhor. O mesmo se dá aqui com o torpor pelo qual é significado o estado tenebroso da igreja.